Chile elimina Espanha: As múmias somos nós

Escrito en COLUNISTAS el
Em 2009, na Copa das Confederações da África do Sul, o jornal Gazzetta dello Sport estampou a seguinte manchete após a derrota da Itália para o Egito: “As múmias somos nós”. Uma brincadeira que alertava para o fato de muitos jogadores italianos estarem na seleção por serviços prestados no Mundial de 2006, quando a Itália foi campeã. O alerta não foi ouvido, Itália e França (as finalistas de 2006) foram eliminadas ainda na primeira fase da Copa de 2010, na África do Sul, recheadas de jogadores do Mundial anterior. A Espanha, eliminada hoje pelo Chile também na primeira fase, levou nada menos que 16 jogadores campeões mundiais em 2010. A lição não foi aprendida. O Chile venceu a Espanha por 2 a 0 no Maracanã, classificou-se para as oitavas de final e, de quebra, eliminou a Espanha. A Espanha jogou no 4-2-3-1. O Chile atuou no 5-3-2, variando para o 3-5-2, algo comum quando se utiliza três zagueiros. Chile no 5-3-2 Basicamente, o Chile mordeu mais que a Espanha. No início do jogo, o Chile deixou os alas bem à frente, o que deixava um vazio pelos lados. A Espanha, estranhamente, pouco se aproveitou desse espaço e não adiantou devidamente Iniesta e Pedro, os meias abertos do 4-2-3-1 espanhol. Espanha no 4-2-3-1, Iniesta é um dos jogadores mais versáteis do meio pra frente. Durante sua carreira, atuou tanto como meia-armador quanto meia-atacante pela esquerda. Entretanto, oscilou muito durante a temporada. Colocado por Vicente Del Bosque para atuar pela esquerda, foi pouco incisivo e acabou atuando mais como meia, sendo bem marcado pelo Chile. Talvez a melhor opção fosse Davi Silva pela esquerda e Iniesta pelo centro. Com as laterais do campo bem marcadas (ou inofensivas), o Chile marcou a saída de bola espanhola e adiantou os volantes. O Chile não marcou atrás e, pressionando o toque de bola espanhol, esperava o erro ou roubava as bolas para puxar contra-golpes com Vidal, Sánchez e Vargas. Vidal jogou como meia, atrás dos atacantes Sánchez e Vargas. A opção do técnico do Chile, Jorge Sampaoli, por Vidal, e não por Valdívia, deve-se ao maior poder de marcação do primeiro. Quando o time precisava se recompor, ou roubar bolas no meio-campo, Vidal ajudava. Depois do segundo gol, no final do primeiro tempo, o Chile controlou a partida. Manteve a mordida no meio-de-campo e tentou explorar os contra-ataques. Não conseguiu. Por outro lado, a Espanha pouco ameaçou o Chile. Não chutava nem penetrava. Uma tarde triste para os espanhóis e felicíssima para os chilenos. Alerta importante: os classificados do Grupo B pegam os classificados do Grupo A, do Brasil. Hoje, tanto Holanda quanto Chile estão jogando melhor que o Brasil.