Cunha negociou Medida Provisória com empreiteiras da Lava-Jato

Após o texto, de relatoria de Cunha, ter sido aprovado no Congresso, ele enviou dados de uma conta bancária para presidente da Andrade Gutierrez.

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Após o texto de relatoria de Cunha ter sido aprovado no Congresso, ele enviou dados de uma conta bancária para presidente da Andrade Gutierrez Por Redação O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negociou o texto da MP (Medida Provisória) 627. Essa MP está sendo investigada pela Operação Zelotes, por suspeitas de beneficiar o setor automobilista. Cunha foi relator da MP que trata sobre a tributação de lucro de filiais brasileiras no exterior. Além disso, o texto aprovado pela Casa determina que as empresas possam construir e administrar aeroportos com voos comerciais. A presidenta Dilma vetou esse trecho, pois pela lei, aeroportos só podem ser operados pelo poder público ou em regime de concessão. A empreiteira Andrade Gutierrez pretendia investir R$ 53 bilhões na construção de um aeroporto na cidade de Caieiras, interior de São Paulo. O presidente da Andrade Gutierrez, na época, Otávio Azevedo, acompanhou as negociações. Ele recebia fotos de reuniões com parlamentares, o então ministro da Fazenda, Guido Mantega e o então vice-presidente Michel Temer. Além disso, ele cobrava Cunha através de mensagens de WhatsApp. O presidente afastado da Câmara afirmou que tinha conseguido encaixar as propostas pedidas pelas empreiteiras, mas pedia “segredo”. Cunha ainda enviou dados bancários e o CNPJ para que Azevedo fizesse depósitos. As investigações da PF apontam que as doações eram para a campanha do ex-ministro Henrique Eduardo Alves, que em 2014, concorreu a governador do Rio Grande do Norte. Em sua defesa, Cunha afirmou que tanto a MP 627 quanto outras “foram discutidas não só com os setores, como também com o Governo”. Sobre o envio de dados bancários para Azevedo, ele afirmou que não se tratava de “uma solicitação de doação legal” para a campanha de Alves. Já a Andrade Gutierrez afirmou que mantém o compromisso de colaborar com a justiça e faz “propostas concretas para dar mais transparência e eficiências nas relações entre setores públicos e privados”. Foto de Capa: Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil