Datafolha: 3 em cada 4 eleitores de Bolsonaro discordam de casais gays em comerciais

Entre a população geral, percentual é de 51%, sendo maior entre evangélicos e homens. Maioria (58%) dos entrevistados diz discordar totalmente do "Dia do Orgulho Branco" e 78% são contra o armamento da população

Bolsonaristas promoveram boicote ao O Boticário após comercial com casal gay. (Foto: Reprodução)
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Quase três em cada quatro (74%) eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem um histórico de frases homofóbicas em sua trajetória, concordam que "comerciais com casais homossexuais devem ser proibidos para proteger as crianças".

Entre a população geral, esse percentual é de 51%, sendo maior entre os evangélicos (67%), homens (55%) e menos escolarizados (57%). Por outro lado, 45% dos entrevistados afirmam discordar da frase totalmente ou em parte, e 2% declaram não saber.

Os resultados são da pesquisa Datafolha feita entre os dias 13 e 16 de dezembro, com 3.666 entrevistas com pessoas de 16 anos ou mais em 191 municípios de todo o país.

Racismo e armamento

Outras pautas de retrocesso, que vieram ainda mais à tona com o governo Bolsonaro, foram questionadas no levantamento. A maior parte (58%) dos entrevistados diz discordar totalmente do "Dia do Orgulho Branco", data defendida por pessoas como a atriz e ex-secretária Regina Duarte.

Em outra pergunta ligada ao tema, a maioria das pessoas rejeitou a afirmação de que "mesmo que eu considere errado, as pessoas devem ter o direito de ter opiniões racistas". Entre os bolsonaristas, no entanto, 26% concordam com a frase. O índice cai para 17% entre os que reprovam a gestão.

Defendido com afinco pelo presidente, que já disse várias vezes que tem apoio da população neste assunto, o armamento da população é rejeitado por 78% dos entrevistados. Somente 21% afirmam concordar com a afirmação de que "quanto mais armas as pessoas tiverem, mais segura estará a população".

A concordância é maior entre homens do que entre mulheres (28% ante 15%), entre os mais ricos do que entre os mais pobres (35% ante 18%) e entre brancos do que entre pretos (26% ante 17%).

O dado é coerente com as estatísticas de segurança pública. Segundo estudo do Instituto Sou da Paz, crianças negras morrem 3,6 vezes mais por arma de fogo do que as não negras.

Em outro tema que mobilizou as redes sociais e o bolsonarismo em 2018, o Datafolha perguntou sobre o risco de o Brasil se tornar um país comunista na próxima eleição. Uma parcela minoritária, mas expressiva (44%), de pessoas diz estar de acordo com a afirmação - 61% destes planejam votar pela reeleição de Bolsonaro em 2022.