Delegado revela ação de Ramagem para tirá-lo da chefia da PF no Rio

Em depoimento, Carlos Henrique Oliveira disse ter recebido convite de amigo de Bolsonaro para cargo em Brasília

Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
Escrito en POLÍTICA el

Em novo depoimento, o secretário-executivo da Polícia Federal, Carlos Henrique Oliveira, indicou nesta terça-feira (19) que sua remoção do comando da superintendência da corporação no Rio foi articulada por Alexandre Ramagem. A informação foi divulgada pela coluna Radar, da revista Veja.

Oliveira foi ouvido novamente por investigadores da PF e procuradores da Procuradoria-Geral da República no inquérito que investiga a interferência do presidente Jair Bolsonaro na corporação, depois de uma acusação do ex-ministro Sergio Moro.

No dia 27 de abril, quando foi escolhido por Bolsonaro para ser delegado-geral e assumir o comando da Polícia Federal, uma das primeiras ações de Ramagem foi entrar em contato com o então chefe da Superintendência da PF no Rio para convidá-lo a deixar o cargo.

A troca do comando na superintendência era um desejo antigo de Bolsonaro e seria uma das primeiras ações de Ramagem, que promoveria o delegado a secretário-executivo. Embora a posse de Ramagem tenha sido impedida pelo Supremo Tribunal Federal, Bolsonaro colocou um nome indicado por ele, Rolando Alexandre de Souza, que fez a mesma operação.

“O depoente gostaria de esclarecer que foi procurado no dia 27 de abril do corrente ano, pelo delegado Alexandre Ramagem, que perguntou para ele, depoente, se aceitaria ser diretor-executivo da Polícia Federal durante sua gestão. Que o depoente informou que aceitaria. Esclarecendo também a indagação feita pela defesa do Dr. Sergio Moro (no primeiro depoimento), o depoente informa que recebeu tal convite no dia 27 de abril de 2020, e respondeu afirmativamente na manhã do dia 28”, disse Oliveira, segundo transcrição do depoimento citada pela revista.

No primeiro depoimento, a defesa de Moro questionou o delegado se ele havia sido procurado por “alguma pessoa cogitada pela imprensa para ser o novo diretor-geral da PF” com o convite para assumir a diretoria-executiva do órgão. Nesse depoimento, o delegado não citou o convite de Ramagem.

Ex-segurança de Bolsonaro na campanha de 2018 e amigo dos filhos do presidente, Ramagem esteve no centro do pedido de demissão de Moro. Segundo o ex-ministro, a pressão de Bolsonaro para colocar Ramagem no comando da PF teria como objetivo interferir em investigações que envolviam os filhos e aliados, bem como receber informações privilegiadas.