Dois novos estudos mostram que cloroquina não é eficaz no tratamento ou prevenção da covid-19

Pesquisas realizadas em células in vitro e com macacos foram publicadas na revista científica Nature, uma das mais respeitadas do mundo

Bolsonaro com medicamentos à base de cloroquina - Foto: Reprodução
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A revista científica Nature, uma das mais respeitadas do mundo, publicou nesta quarta (22/7) o resultado de dois estudos que mostraram que a cloroquina e a hidroxicloroquina não são eficazes no combate à covid-19. Segundo as pesquisas, o medicamento apontado como milagroso pelo presidente Jair Bolsonaro não funciona nem no tratamento nem na prevenção da doença causada pelo coronavírus.

Um estudo foi realizado em macacos por pesquisadores franceses da Universidade de Paris e do Instituto Pasteur. De 17 animais contaminados com coronavírus, nove foram medicados com hidroxicloroquina. Os cientistas não encontraram eficácia no tratamento antes da infecção, logo após o contato com vírus e nem durante outras etapas da doença. O percurso da doença foi semelhante entre os macacos medicados e não medicados.

A outra pesquisa foi realizado pelo Leibniz Institute for Primate Research, na Alemanha. Os cientistas testaram a ação do remédio in vitro, em células pulmonares afetadas pelo coronavírus cultivadas em laboratório.

“Nossos resultados indicam que a cloroquina visa um caminho para a ativação viral que não funciona nas células pulmonares”, escreveram os responsáveis pela pesquisa. Segundo o grupo, é “improvável” que o medicamento proteja o organismo contra a disseminação do coronavírus.

“Não conseguimos provar a atividade antiviral nem eficácia clínica no tratamento com hidroxicloroquina. Nossos resultados ilustram a discrepância frequente entre os resultados in vitro [laboratório] e in vivo [em cobaias]”, afirmam os especialistas.

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