Em meio à onda de impeachment, Cardozo escolhe Veja para dar entrevista

Breno Altman questiona como o ministro da Justiça pode "ser cordial e afável com a revista que trata Dilma, Lula e outros dirigentes petistas como bandidos". Leia artigo

Escrito en POLÍTICA el

Breno Altman questiona como o ministro da Justiça pode "ser cordial e afável com a revista que trata Dilma, Lula e outros dirigentes petistas como bandidos". Leia artigo a seguir, publicado originalmente aqui. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Ministro da Justiça não economiza subserviência

Por Breno Altman

O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, deu entrevista à TV Veja. Pouco importa o conteúdo do que disse, pois relevante é a simbologia do fato. Como é possível, a essa altura do campeonato, sem ferir a credibilidade do PT e do governo, um de seus principais integrantes ser cordial e afável com a revista que trata Dilma, Lula e outros dirigentes petistas como bandidos? Como é possível a presidente decidir cancelar qualquer publicidade em Veja por seu caráter golpista, mas Cardozo conceder uma longa e sorridente entrevista? Como é possível que o ministro se cale diante das arbitrariedades cometidas por setores da Polícia Federal para incriminar o seu partido, mas resolva prestigiar o veículo que mais convoca o atropelo da ordem constitucional? Como é possível que a presidente convoque seus ministros para a batalha da comunicação e a atitude de Cardozo seja correr para os braços de uma revista criminosa? Como é possível acreditar em qualquer compromisso do governo com a regulamentação dos meios de comunicação se o ministro da Justiça não perde a chance de se curvar diante dos monopólios? Como é possível que Cardozo, cotado para o STF, vá apresentar credenciais para quem faz da pressão midiática sobre a corte seu instrumento de guerra contra a democracia e os direitos constitucionais? Como é possível Cardozo ainda ser ministro da Justiça, se a única coisa que faz é cuidar de salvar a própria pele, bajulando os setores mais reacionários do país? São perguntas que não podem calar.