O ex-presidente da Bolívia Evo Morales divulgou um vídeo em suas redes sociais, neste domingo (8), onde agradece ao povo argentino por tê-lo acolhido no último ano. Morales iniciou ontem o seu retorno a Bolívia, o qual será feito por terra e levará três dias até que chegue em Cochabamba, cidade onde iniciou a sua atividade política e pretende voltar a morar.
"Irmãs e irmãos. Faz exatamente um ano que a Bolívia sofria um dos piores momentos da sua história quando, em cumplicidade com a OEA, vários grupos de poder executaram um violento golpe de Estado não reconhecendo a vontade popular", diz Morales.
Na sequência, o líder boliviano afirma que, para preservar a sua vida, teve que deixar o país.
"Para evitar que esses grupos antidemocráticos fossem cruéis com a maioria do povo, me vi obrigado a renunciar. Nesse momento tão dramático recebi a solidariedade das minhas irmãs e irmão da Pátria Grande", revela Evo.
Posteriormente, Morales afirma que, sem a ajuda dos presidentes do México, Lopes Obrador, e da Argentina, Alberto Fernandéz, não teria escapado com vida da Bolívia.
Confira a seguir o discurso na íntegra de Evo Morales
Encontro com a ativista Milagro Sala
Antes de partir, Morales e Fernandéz se encontraram na cidade La Quiaca, que fica na província de Jujuy, fronteira com a Bolívia, e tiveram um jantar de despedida.
Além do encontro com o presidente da Argentina, Morales também se reuniu com a líder indígena Milagro Sala, que está presa desde abril de 2016, na cidade de San Salvador de Jujuy, por um processo movido pelo governador Gerardo Morales, aliado do ex-presidente argentino Maurício Macri.
No processo que condenou Sala, ela é acusada de liderar um protesto contra Morales em San Salvador de Jujuy. Neste 2020, ela recebeu benefício da prisão domiciliar.
Luis Arce assume a presidência da Bolívia
O economista e ex-ministro de Evo Morales, Luis Arce, assumiu a presidência do país andino, em cerimônia ocorrida ontem, em La Paz. Sua chegada ao poder coloca fim à ditadura iniciada no país com o golpe de Estado de 2019.
Arce foi eleito nas eleições do dia 18 de outubro, com uma vitória no primeiro turno, graças aos 55% dos votos obtidos, e uma vantagem gigantesca sobre o segundo colocado, Carlos Mesa, representante da direita liberal.
Entre as personalidades de destaque que estiveram presentes estão os presidentes Alberto Fernández (Argentina), Mario Abdo Benítez (Paraguai) e Iván Duque (Colômbia); o rei Felipe VI (Espanha), acompanhado por Pablo Iglesias (vice-presidente da Espanha), além do chanceler Mohamad Yavad Zarif (Irã). Brasil não enviou representantes à cerimônia.