Escola nos EUA é acusada de islamofobia após mandar prender aluno que construiu relógio artesanal

O professores e a direção da MacArthur High School, no Texas, confundiram o relógio com uma bomba; Ahmed Mohamed, de 14 anos, acabou algemado, levado à delegacia e interrogado. Nesta quarta-feira, a hashtag #IStandWithAhmed, em apoio ao adolescente, está nos Trending Topics mundiais

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O professores e a direção da MacArthur High School, no Texas, confundiram o relógio com uma bomba; Ahmed Mohamed, de 14 anos, acabou algemado, levado à delegacia e interrogado. Nesta quarta-feira, a hashtag #IStandWithAhmed, em apoio ao adolescente, está nos Trending Topics mundiais Por Redação* O adolescente Ahmed Mohamed, de 14 anos, foi preso na última segunda-feira (14) após levar à escola, na cidade de Irving, estado norte-americano do Texas, um relógio construído por ele mesmo. Os professores confundiram o aparelho com uma bomba e passaram a informação à direção que, por sua vez, chamou a polícia. O caso acabou na delegacia, e o episódio fez com que a MacArthur High School fosse acusada de islamofobia. Tudo começou quando Ahmed, novato no colégio, quis mostrar a seus novos professores suas habilidades de construir coisas – ele é capaz de produzir seus próprios rádios, por exemplo. Na noite de domingo (13), montou rapidamente um relógio digital e o levou para a escola no dia seguinte. Durante uma das aulas, o aparelho apitou e a professora, ao olhá-lo, disse: "isso se parece com uma bomba". Ahmed tentou explicar do que se tratava, mas a mulher ficou com o artefato. Mais tarde naquele dia, ele foi retirado da classe pelo diretor e interrogado por policiais ainda no colégio. Não satisfeitos, os agentes o algemaram e o conduziram à delegacia, onde colheram suas impressões digitais. Segundo Ahmed, durante o interrogatório, os policiais repetiram diversas vezes seu sobrenome e o proibiram de entrar em contato com seus parentes. De acordo com a família, o garoto foi suspenso da escola por três dias. Mohamed Elhassan Mohamed, pai de Ahmed, acredita que o episódio foi motivado pela islamofobia. “Ele apenas quer inventar coisas que ajudem a humanidade”, disse ao Dallas Morning News o homem, que imigrou do Sudão. “Mas porque seu sobrenome é ‘Mohamed’ e por conta do 11 de setembro, creio que meu filho foi maltratado.” O Conselho sobre Relações Islâmico-Americanas (CAIR, na sigla em inglês) comunicou que está apurando o caso. "Acho que nem estaríamos falando sobre isso se o nome dele não fosse Ahmed Mohamed", afirmou Aila Salem, diretora executiva do CAIR na região de Dallas-Forth Worth, à emissora local WFAA. Nas redes sociais, uma campanha foi criada em apoio a Ahmed. A hashtag #IStandWithAhmed (algo como "estou com Ahmed", na tradução para o português) atingiu o topo dos Trending Topics mundiais nesta quarta-feira (16). Protestos estão sendo marcados nas escolas de Irving, e os alunos serão incentivados a levar para a aula relógios em sinal de solidariedade ao adolescente.

Em entrevista ao Dallas Morning News (assista abaixo), Ahmed contou que, ainda no colégio, os policiais revistaram sua mochila, pegaram seu tablet e o relógio que havia construído um dia antes. "Tudo isso me fez sentir como se não fosse humano, como se fosse um criminoso", disse.

*Com informações do The Washington Post