Estudantes do interior de Sergipe sofrem perseguição política

Para moradores de Laranjeiras, permanência de campus da UFS na cidade atrai violência

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Para moradores de Laranjeiras, permanência de campus da UFS na cidade atrai violência Por Isadora Otoni As aulas do campus de Laranjeiras da Universidade Federal de Sergipe (UFS) estão suspensas desde o dia 30 de maio por causa de uma onda de violência que atinge os estudantes. Marcela Simões, que cursa Arquitetura, relata que os seguranças da unidade começaram a ser rendidos e agora os alunos estão sendo ameaçados. “O que aconteceu por último foi o fato da menina que foi sequestrada e voltou com uma lista com oito nomes ameaçados de morte.” [caption id="attachment_47977" align="alignleft" width="461"](Reprodução/Voz dos Municípios) (Jornal local põe a culpa nos próprios estudantes. Foto: Reprodução/A Voz dos Municípios)[/caption] "A Voz dos Municípios", jornal local, culpou os próprios estudantes pelo crime na cidade. “O que não admitimos é cobrarem segurança alimentando o tráfico comprando e usando drogas”, opinaram no veículo. A própria reitoria da universidade repudiou esse posicionamento: “A atitude agressiva desse periódico põe em risco a segurança dos estudantes, criando um clima de xenofobia”. “Lá a suspeita é de perseguição política contra os estudantes”, comenta Mariane Cardoso, que também estuda Arquitetura. A cidade, que tem cerca de 25 mil habitantes, não tem estrutura para combater esse tipo de violência, com poucos policiais disponíveis. A Secretaria de Segurança Pública do Estado, no entanto, não contemplou as demandas dos estudantes. O governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), ainda não se dispôs para uma reunião. “A resposta que ele [o secretário de Segurança Pública] nos deu foi que a situação de todos o interior de Sergipe era a mesma ou pior que a de Laranjeiras, que ele não tinha como deslocar efetivos para lá. Ele propôs uma viatura para fazer rondas de segunda a quinta-feira, no turno da noite. Mas isso ainda não foi acordado. Porque já tivemos essa conversa e essa viatura lá, ela foi implantada e só permaneceu por 15 dias”, lamenta Mariane. O prefeito, Juca (PMDB), não mora na cidade, mas o diálogo com ele teve avanços. “No primeiro momento, a prefeitura de Laranjeiras foi bastante displicente. O próprio secretário de segurança do município ameaçou fazer um boletim de ocorrência contra os estudantes”, conta. “Com a ameaça de alguns cursos do campus serem fechados e transferidos para o de São Cristóvão, o prefeito conversou com a reitoria e se dispôs a ‘ajudar’.” Negociações Laranjeiras se localiza a 30 minutos da capital de Sergipe, Aracaju. Por isso, muitos alunos não residem na cidade. Entretanto, alguns estudantes que não possuem condições para se deslocar diariamente de uma cidade para outra acabam alugando casas por lá. A UFS não disponibiliza residência estudantil para eles, mas oferece um auxílio para custear a moradia. Com a crise, esses alunos precisaram deixar as casas alugadas e ficaram em um alojamento oferecido pela reitoria por apenas três dias. Depois disso, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) ofereceu um alojamento com custos econômicos e período flexível. “Isso, claro, com a garantia de que a residência estudantil será construída em Laranjeiras. Esse é um prazo que ainda precisamos estabelecer”, explica Mariane. [caption id="attachment_47981" align="alignleft" width="300"]Atualmente, a unidade se localiza no centro da cidade (Divulgação/Prefeitura de Laranjeiras) Atualmente, a unidade se localiza no centro da cidade (foto: Divulgação/Prefeitura de Laranjeiras)[/caption] Outros problemas envolvem a falta de restaurante universitário e custeamento do transporte. Para ter acesso à unidade, os alunos que saem de Aracaju precisam de dois ônibus: um para ir até Laranjeiras, e outro para chegar ao campus. Porém, só possuem o benefício de meia-passagem para o transporte entre as cidades. Histórico Laranjeiras recebeu uma unidade da UFS em 2007, para abrigar os cursos de Arquitetura, Arqueologia, Museologia, Dança e Teatro. Na época, os estudantes não tinham um campus e as aulas eram dadas na sede de uma escola pública. Foram dois anos e meio em salas provisórias, antes de se deslocarem para o centro da cidade. (Crédito da foto de capa: Reprodução/Facebook)