“Evangélicos são maioria entre os que estão nos movimentos de luta por moradia”, diz Boulos

Lideranças religiosas se reuniram com Boulos para definir estratégias no combate à fome durante a pandemia. No mesmo dia, STF julgava reabertura das igrejas.

Foto: Marcelo Santos
Escrito en NOTÍCIAS el

Por Marcelo Santos

Lideranças da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito se reuniram, na tarde de ontem (7), com o coordenador do MTST e ex-candidato à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo pelo PSOL, Guilherme Boulos. O encontro aconteceu em sua casa, no Campo Limpo, periferia da zona sul da cidade.

A conversa tratou sobre a situação da fome e desamparo no país, agravada com a pandemia e o governo Bolsonaro, e da importância do diálogo entre os movimentos sociais e os evangélicos. “Os evangélicos são a maioria entre os que estão nos movimentos de luta por moradia”, explicou Boulos, que contou suas experiências ao lado de muitos pastores das ocupações e reafirmou sua disposição de ajudar a criar pontes entre o segmento e a esquerda.

Para Wesley Teixeira, secretário executivo da Frente de Evangélicos e articulador da Coalizão Negra por Direitos, os religiosos podem contribuir em ação de solidariedade e também de conscientização política. “O encontro foi nessa perspectiva da campanha Tem Gente com Fome (a campanha nacional de arrecadação de fundos para ações emergências durante a pandemia da Covid-19), construindo relação também com as cozinhas solidárias do MTST”.

Segundo Nilza Valéria, jornalista e coordenadora da Frente, o movimento, desde sua organização em 2016, busca o diálogo com diversos movimentos sociais. “Sabemos que cada vez mais há evangélicos nas bases populares. Esse é o novo Brasil, a nova expressão da religiosidade brasileira, o pentecostalismo se faz presente na cultura cotidiana. Então, precisamos pensar juntos como tratar da fome e da vulnerabilidade que ameaça mais da metade da população. Esse diálogo foi um presente, um fôlego de esperança”.

Uns e outros

A reunião que tratava estratégias sobre o combate à fome durante a pandemia, e que contou ainda com a presença do pastor Ariovaldo Ramos, coordenador nacional da Frente de Evangélicos, ocorreu no mesmo dia que o plenário do STF dava início a apreciação da decisão do ministro Kássio Nunes Marques, que atendeu ação proposta pela Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) e liberou no sábado (3), véspera da Páscoa, cultos e missas presenciais em todo o Brasil.

Ariovaldo, junto com a Frente de Evangélicos, foi signatário da carta manifesto de repúdio à decisão de reabrir as igrejas no pior momento da pandemia. O documento lembra que as comunidades de fé devem “ser responsáveis pelas boas práticas cidadãs em tempos de pandemia com graves consequências para a saúde pública. Não deveria sequer ser uma questão abrir e realizar ajuntamentos religiosos. Na pandemia da Gripe Espanhola as igrejas, espontaneamente, fecharam os templos e serviram aos mais necessitados”.

A carta termina afirmando que “não há culto melhor que a responsabilidade amorosa, solidária e cidadã, que, ao cuidar do próximo e da manutenção da vida no mundo, honra a Deus”. A decisão do STF continua nessa quinta-feira (8).

Leia a íntegra do manifesto aqui