Ex-alunos de medicina de USP e Unifesp lançam manifestos pelo impeachment de Bolsonaro

Documentos citam “caos sanitário e ações irresponsáveis” do presidente diante da pandemia e aumentam a pressão por abertura do processo

Jair Bolsonaro em conversa com apoiadores (Reprodução)
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A pressão pela abertura de um processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ganha novos elementos a cada dia. Nesta terça-feira (19), foi a vez da classe médica, central no combate e tratamento de pacientes com Covid-19, se mobilizar, com duas cartas abertas pedindo que a ação de impedimento do titular do Planalto seja instaurada no Congresso. Os documentos tratam a forma como Bolsonaro conduziu as ações diante da pandemia do novo coronavírus como irresponsável.

A primeira iniciativa foi dos ex-alunos da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). A carta aberta que, segundo o jornal Estado de São Paulo já conta com mais de 600 assinaturas, chama de “descaso com a vida” do governo federal. Depois, foi a vez de ex-alunos da Escola Paulista de Medicina, da Unifesp, organizarem um abaixo-assinado com o mesmo propósito, que, até a tarde desta quarta (20), reunia 309 assinaturas, entre ex-alunos, ex-residentes, professores e docentes de medicina da universidade, segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo.

FMUSP

 No documento dos ex-alunos da FMUSP, os profissionais criticam diversas ações e medidas de Bolsonaro diante da pandemia, como adoção de medidas sem nenhuma base científica, desautorização e descrédito de cientistas e “trocas dois ministros de saúde e a substituição de dirigentes técnicos do Ministério da Saúde por pessoas sem qualquer competência e experiência”.

A iniciativa foi inspirada em abaixo-assinado lançado por ex-alunos da Faculdade de Direito da USP, que também lançaram abaixo-assinado, também  pedindo o impedimento de Bolsonaro.

O documento dos ex-alunos da FMUSP ainda diz: “Assistimos a um grupo teleguiado por um presidente que diária e publicamente, de forma caricata, incita a população a ter comportamentos de risco, minimiza os mecanismos de proteção coletiva, dissemina o descrédito sobre a vacina e estimula disputas com outros atores políticos como se estivéssemos em um campeonato esportivo”.

Eles pedem que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), inicie o processo de impeachment de Bolsonaro. Ele já recebeu mais de 50 pedidos de abertura de processo.

Unifesp

Ao saberem da iniciativa organizada por seus colegas, ex-alunos e docentes de medicina da Unifesp também resolveram fazer uma carta aberta pedindo também o impedimento do presidente.

Em seu documento, os profissionais que estudaram na Unifesp escreveram que “o Brasil, que já foi referência no manejo de diferentes moléstias infecciosas, que já foi exemplo de vacinação em larga escala, que vinha num crescendo de investimento em pesquisa científica, encontra-se entregue a governantes que, negligentes e imperitos, são diretamente responsáveis por agravar uma situação já em si gravíssima, a pandemia pelo novo coronavírus”.

Também afirmam que Jair Bolsonaro deu “inúmeros exemplos de manifestação pública” minimizando os riscos de contrair Covid-19 e desdenhando das recomendações médicas de evitar aglomerações e fazer o isolamento social.

Por isso, escreveram, “entendemos que tais posturas e ações perpetradas pelo presidente Jair Bolsonaro configuram crime de responsabilidade e contra a saúde pública”.

Com informações do Estado de São Paulo e da Folha de São Paulo