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Aparecido Laertes Calandra usava o codinome de capitão Ubirajara e estaria envolvido no desaparecimento do estudante Hiroaki Torigoe, sendo suspeito ainda de participar da construção do cenário da morte do jornalista Vladmir Herzog
Texto e fotos por Igor Carvalho
[caption id="attachment_44561" align="alignleft" width="300"] Manifestantes grafitaram a faixa de pedestre próxima da casa de Calandra[/caption]
Lembrando os 50 anos do golpe militar, o Levante Popular da Juventude escrachou, nesta terça-feira (1º), o delegado aposentado Aparecido Laertes Calandra, acusado de ter torturado, estuprado e assassinado opositores do regime militar. O escracho ocorreu às 7h, na frente da sua casa, em uma vila fechada no bairro do Ipiranga.
Os vizinhos receberam panfletos que contavam a história do ex-delegado, seus crimes e depoimentos de torturados por ele, como o deputado federal federal Nilmário Miranda (PT-MG) e o deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), além de Amelinha Teles. O documento também foi distribuído em uma escola que fica ao lado da residência. "Nós denunciamos Calandra porque acreditamos que ele não deve viver em paz depois de fazer a vida de tanta gente um inferno", afirma o texto distribuído pelo Levante.
O ex-delegado usava o codinome de capitão Ubirajara e esteve envolvido, segundo o grupo, no desaparecimento do estudante Hiroaki Torigoe, além de ter participado da construção do cenário da morte do jornalista Vladmir Herzog. O Levante Popular da Juventude levou sua bateria e entoou músicas contra o tortura, entre elas uma paródia de "Beijinho no ombro", da funkeira Valesca Popozuda.
[caption id="attachment_44562" align="alignright" width="300"] Recado deixado pelos manifestantes no interfone do condomínio onde mora Calandra[/caption]
Um dos vizinhos de Calandra abriu o portão do condomínio, permitindo a entrada dos manifestantes que chegaram na frente da casa do ex-delegado. Lá dentro, silêncio absoluto, e o escrachado não apareceu. Porém, moradores do residencial informaram que ele estava no local e que todo dia sai às 8h.
Vizinhos afirmam que o ex-delegado é reservado e nunca manteve diálogos. "Eu sempre desconfiei da postura dele. Até cinco anos atrás ele só saía e chegava em casa com seguranças, nunca falou com ninguém, nem 'bom dia' dava", conta Gilberto, que preferiu ocultar o sobrenome e mora próximo do escrachado.
Confira o vídeo e a letra da paródia que o Levante Popular da Juventude fez da música "Beijinho no ombro", da Valesca Popozuda:
Desejo a todos os Golpistas Vida longa
Pra que eles vejam cada dia mais democracia
Na ditadura é só tiro porrada e bomba
Lei da Anistia Tenta apagar nossa história
Confio na luta pra acabar com a impunidade
Povo na rua faz justiça de verdade
Lei da Anistia nós precisamos rever
A nossa história não é algo pra esquecer
Levante e lute pros golpistas passar longe
Levante e lute pela memória dessa nação
Levante e lute que os “torturador’ se esconde
Levante e lute pra fazer revolução