FARC iniciam conferência para discutir acordo de paz e transição para movimento político na Colômbia

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Mais de 200 delegados se reúnem até o dia 23 no sul do país para analisar e aprovar acordo negociado nos últimos quatro anos com governo colombiano Do Opera Mundi As FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) abriram neste sábado (17/09) sua décima Conferência Nacional Guerrilheira, que reúne mais de 200 líderes guerrilheiros para discutir e aprovar o acordo de paz entre o grupo e o governo colombiano, cujo texto final foi alcançado em agosto após quatro anos de negociações. A última conferência das FARC como grupo armado acontece em Llanos del Yarí, região rural no sul da Colômbia. O foco do evento será estabelecer um plano de ação para transformar a guerrilha em um movimento político, com representação nos cargos eletivos do país, como prevê o acordo de paz negociado desde 2012 e estabelecido em Havana, Cuba, que põe fim a 52 anos de guerra entre o grupo armado e forças do governo. Timoleón “Timochenko” Jiménez, comandante das FARC, abriu a conferência nesta manhã em um discurso aos militantes da guerrilha em que salientou a importância de o grupo como um todo referendar o texto do acordo de paz, que será analisado pelos delegados ao longo dos próximos sete dias em reuniões diárias. Ele afirmou que a última conferência da guerrilha como tal tem dois objetivos: a aprovação do acordo final negociado com o governo “para que adquira caráter vinculante e seja de cumprimento obrigatório para nossa guerrilha” e o estabelecimento de uma rota de transição para a transformação do grupo armado em movimento ou partido político. “Para as FARC e nosso povo, a maior satisfação sempre será ter alcançado a paz”, disse Jiménez. “Estamos comprometidos com o povo, e assim o manifestamos neste acordo, sob a justiça social que deve mover a política da Colômbia, em uma forma saudável de fazer política.” Ao fim da conferência, no dia 23 de setembro, as FARC anunciarão os passos seguintes para a conformação de um movimento político, assim como o nome que irão adotar. Para o encerramento está previsto o show “Abrindo caminhos pela paz”, que contará com vários artistas colombianos, entre os quais a cantora popular e vencedora do Grammy Totó La Momposina. O acordo de paz, anunciado no dia 24 de agosto por representantes do governo e das FARC em Havana, Cuba, será assinado por Jiménez e pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, no dia 26 de setembro, em Cartagena, no norte da Colômbia. Para entrar em vigência, o acordo deverá ser aprovado pela população colombiana no “plebiscito pela paz”, que será realizado no dia 2 de outubro. De acordo com uma pesquisa do instituto Datexco divulgada nesta sexta-feira (16/09), o apoio ao “não” cresceu 9,5% com relação à última pesquisa. O "sim" que referenda o acordo, porém, segue na frente. Segundo a Datexco, 55,3% dos entrevistados votariam no “sim” e 38,3% no “não”. Além destes, 6,4% dos entrevistados estão indecisos tanto sobre qual das opções votar quanto sobre ir às urnas em outubro, visto que o voto não é obrigatório. Para que o resultado do plebiscito seja válido, pelo menos 13% da população habilitada para votar na Colômbia deve ir às urnas — seja para apoiar ou discordar do acordo de paz —, o que equivale a 4,5 milhões de colombianos. As FARC e o governo colombiano já se comprometeram a aceitar o que a população decidir. Foto: FARC_EPueblo / Twitter