Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos articuladores do golpe que afastou a ex-presidenta Dilma Rousseff do poder, se manifestou contra o impeachment de Jair Bolsonaro, mesmo com seus crimes de responsabilidade.
Em artigo publicado neste domingo (1), em O Estado de S. Paulo, intitulado “Hora de convergir”, FHC disse que o mecanismo do impedimento “não é simples, ele desgasta os Poderes e deixa mágoas de difícil superação”.
“Falar de impeachment (mesmo que haja nos meios jurídicos e nos tribunais superiores quem tenha considerado a hipótese cabível) seria, no mínimo, arriscado. O País viu dois presidentes diretamente eleitos serem atingidos por esse mecanismo constitucional. Não é simples, ele desgasta os Poderes e deixa mágoas de difícil superação. Mais ainda: por trás da votação no Congresso e das alegações jurídicas, no impeachment existe sempre um movimento popular, que não se vê no momento. Melhor nem cogitar, prematuramente, de tal movimento” diz o ex-presidente.
Militares
Em outro trecho, FHC defende os militares que estão no governo Bolsonaro. “Não é para ‘dar um golpe’ que os militares aceitam participar do atual governo. Sentem sinceramente que cumprem uma missão, diante da dificuldade ou incapacidade do governo de recrutar maior número de bons quadros em outros setores da sociedade. O risco para a democracia e para as próprias Forças Armadas como instituição permanente do Estado é de que se borre a fronteira entre os quartéis e a política”.