Gabeira e a crítica da masculinidade: a fabricação de um mito

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Acaba de sair, pela Editora Iberoamericana-Vervuert, o volume El lenguaje de las emociones: Afecto y cultura en América Latina, resultado de um encontro organizado por Mabel Moraña e Ignacio Sánchez Prado em Washington University, na cidade de Saint Louis. Convidado a relacionar algum aspecto das literaturas e culturas latino-americanas com o tema das emoções e dos afetos,  apresentei um breve resumo da minha leitura das memórias de Fernando Gabeira, que me ocupam há algum tempo e que são parte do livro que vou preparando sobre masculinidade. Sem negar a importância do personagem -- construída em grande parte pelo próprio memorialismo do autor, publicado depois da volta do exílio: O que é isso, companheiro (1979), Crepúsculo do macho (1980)  e Entradas e bandeiras (1981) --, o ensaio interroga alguns dos mitos construídos retrospectivamente por Gabeira.  Trata-se de examinar mais de perto a imagem apresentada por Gabeira, de uma resistência à ditadura sempre e necessariamente machista. Depois, o texto passa a analisar como as próprias memórias de Gabeira adulteram e desumanizam o papel cumprido pelas mulheres na resistência, emblematicamente no caso de Vera Silvia Magalhães.  Na sequência, o texto discute como Gabeira constrói o seu papel de figura radicalmente renovadora das concepções dominantes de masculinidade na cultura brasileira. Em amplos setores da historiografia e da crítica literária sobre o Brasil, persistem relativamente intactas imagens de Gabeira que são, em grande parte, tributárias da representação feita pelo próprio autor em suas memórias. O artigo é uma breve contribuição para a revisão desse capítulo da nossa história. Para quem quiser conferir o texto, ele está linkado abaixo. A publicação é em espanhol, mas confio que isso não será problema para os leitores interessados. Aí vai o PDF. Fernando Gabeira y la crítica de la masculinidad: la fabricación de un mito