Homicídios de jovens crescem 326,1% no Brasil, mostra Mapa da Violência

De acordo com autor do Mapa, aparelho estatal não acompanhou o movimento de descentralização econômica, gerando a interiorização e a periferização da violência

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De acordo com autor do Mapa, aparelho estatal não acompanhou o movimento de descentralização econômica, gerando a interiorização e a periferização da violência Por Redação, com informações da Agência Brasil De acordo com o Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil, publicado hoje (18), a violência contra os jovens brasileiros aumentou nas últimas três décadas. Entre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens como acidentes, homicídio ou suicídio – cresceram 207,9%. Mas, se forem considerados só os homicídios, esse aumento chega a 326,1%. O relatório, elaborado pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, reconhece que as políticas públicas voltadas para a questão ainda são insuficientes. “Hoje, com grande pesar, vemos que os motivos ainda existem e subsistem, apesar de reconhecer os avanços realizados em diversas áreas. Contudo, são avanços ainda insuficientes diante da magnitude do problema”, conclui o estudo. O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas entre os jovens, sendo que, a cada 100 mil jovens (pessoas entre 14 e 25 anos), 53,4 foram assassinados em 2011. Os acidentes com algum tipo de meio de transporte, como carros ou motos, foram responsáveis por 27,7 mortes no mesmo ano. Segundo o mapa, o cenário demonstra a omissão da sociedade e do Poder Público em relação aos jovens, especialmente os que moram nos chamados polos de concentração de mortes. De acordo com o estudo, a partir “do esquecimento e da omissão passa-se, de forma fácil, à condenação” o que representa “só um pequeno passo para a repressão e punição”. O autor do mapa, Julio Jacobo Waiselfisz, explicou à Agência Brasil que a transição da década de 1980 para a de 1990 causou mudanças no modelo de crescimento nacional, com uma descentralização econômica que não foi acompanhada pelo aparato estatal, especialmente o de segurança pública, gerando a interiorização e a periferização da violência, áreas não preparadas para lidar com os problemas. “O malandro não é otário, não vai atacar um banco bem protegido, no centro da cidade. Ele vai aonde a segurança está atrasada e deficiente, gerando um novo desenho da violência. Não foi uma migração meramente física, mas de estruturas”, destacou Waiselfisz. Em estados e capitais com altos índices de homicídios, como São Paulo e no Rio de Janeiro, houve redução significativa de casos. São Paulo, atualmente, é o estado com a maior queda nos índices de homicídios de jovens nos últimos 15 anos (-86,3%). A Região Sudeste é a que tem o menor percentual de morte de jovens por causas não naturais e violentas (57%). Já Natal (RN), considerada um novo polo de violência, é a capital que registrou o maior crescimento de homicídios de pessoas entre 15 e 24 anos – 267,3%. A região com os piores índices é a Centro-Oeste, com 69,8% das pessoas nessa faixa etária mortas por homicídio.