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Jornalista traz uma planilha com diversos dados coletados a partir de registros oficiais, além de mais de 70 links para justificar seu voto em Dilma Rousseff
Por Kika Castro, no seu blogue. Foto: Ichiro Guerra/Fotos Públicas
Como prometido, hoje vou escrever sobre meu voto. Apesar de muitos terem dito que eu não deveria declarar meu voto, por estarmos em um momento de muita agressividade na internet, acho que estas são eleições em que não podemos nos omitir, temos que tomar um partido, sair do muro, porque muita coisa está em jogo. Claro que não escrevo este post para aqueles que já estão convictos de seu voto (e todos têm seus motivos para escolher um ou outro candidato, que devem ser respeitados), mas para os que ainda estão abertos a mudar de opinião (ou tomar uma posição), a partir da reflexão. E, para contribuir com essa reflexão, trago uma planilha com diversos dados que coletei a partir de registros oficiais, além de mais de 70 links para notícias confiáveis, selecionadas a partir de critério jornalístico, que detalham o que escrevo ao longo do post, e que podem ser consultadas como fonte de informação. Espero que os leitores, mesmo os que discordem de mim, mantenham o respeito, como sempre mantiveram neste blog ;)
Decidi que vou votar 13, ou seja, pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Por três razões principais:
Passo a explicar melhor cada uma dessas razões. 1) Para mim, as melhores conquistas do governo Dilma, que foi um governo de continuidade do Lula, dizem respeito:
2) A inflação está nas alturas? O crescimento está baixíssimo? A cesta básica está impossível de pagar? A Petrobras está sucateada? Não é o que os números me mostram, pelo menos não dessa forma tão trágica como vem sendo alardeada pelos defensores do Estado mínimo. Vamos aos fatos:
3) Se o PT e o PSDB nos enojam com o aparelhamento de Estado para benefício do partido — como demonstraram os escândalos do mensalão e este agora da Petrobras (que já resvalou em um dos ícones tucanos, Sérgio Guerra, e em todo o PSDB), e os escândalos do mensalão tucano (que tem como um dos réus Clésio Andrade, vice de Aécio no primeiro mandato e marido da atual presidente do TCE, Adriene Barbosa, que tomou posse como conselheira em 2006, indicada por Aécio quando Clésio ainda era seu vice), a máfia dos fiscais do ISS (que atinge as prefeituras de José Serra, Gilberto Kassab e Fernando Haddad), as propinas milionárias pagas pela Alstom e Siemens para ficarem com os trens e metrôs de São Paulo, além de dezenas de outros escândalos descobertos nos governo FHC, Lula, Dilma, Alckmin, Serra, Eduardo Azeredo e outros –, Aécio Neves me preocupa ainda mais porque, além de também ter aparelhado as estatais mineiras, como Cemig e Codemig, usou seu governo em Minas para benefício próprio ou de sua família, como podemos inferir pelas notícias sobre o aeroporto de Cláudio (e muitas outras práticas coronelistas em Cláudio, que incluem até suspeita de compra de votos), a pista de Montezuma, práticas de nepotismo, que podem ter favorecido diretamente empresas da família — tudo com a conivência completa do Ministério Público do Estado e do já citado TCE presidido por sua amiga, a mulher de Clésio Andrade — ou, muito antes, no início de sua carreira política, por Aécio ter sido nomeado diretor da Caixa por seu parente, que era ministro da Fazenda (e há suspeita de que ele tenha sido conivente, ou pelo menos omisso, em relação à Máfia das Lotecas). Fora essa parte dos escândalos, que pode ser encontrada por qualquer eleitor que “der um Google” por aí, questiono (e não só eu!) a forma como ele governou Minas Gerais (direto do Rio de Janeiro, onde mais morou), com um choque de gestão questionadíssimo (ver AQUI e AQUI), com relatos de ter deixado um “Estado quebrado” para Anastasia, com educação sucateada (e salários abaixo do piso nacional, como se vê nesta carta de professores), investimentos em saúde e educação questionados na Justiça até hoje, falta de transparência, inclusive nos gastos com publicidade, que explodiram em seu governo e foram destinados, em parte, a empresas de telecomunicações de sua família (ou, agora, a contribuir para a campanha eleitoral, conforme entendimento do TSE), e construção de uma obra faraônica, a Cidade Administrativa, por R$ 1,2 bilhão, que já teve que ser reformada um ano depois de pronta; questiono sua nulidade como senador e, antes, como deputado; e não gosto de seus traços autoritários, ao sair processando tudo e todos, até o Google, o Twitter e blogueiros, só por publicarem informações ou opiniões que lhe desagradam. “Traços”, aliás, foi bondade minha, porque considero que muitas das ações do pessoal de Aécio foram tentativas claras de intimidação e de censura prévia, que não condizem com a democracia que estamos tentando construir para o Brasil. (Dois documentários já foram produzidos a respeito: veja AQUI e AQUI). Ainda vale ressaltar que, embora os governos de Lula e de Dilma tenham apanhado de todos os lados, seja nas redes sociais, na blogosfera ou na imprensa, não tenho conhecimento de ações judiciais movidas por eles para tentar calar as pessoas ou os veículos de comunicação. Como esse assunto, da liberdade de expressão e de imprensa, me é muito caro, acho importante registrar essa diferença abissal entre os dois candidatos nesse assunto. Não se trata de corporativismo de jornalista, mas de um princípio básico da democracia. É importantíssimo, fundamental mesmo, que a imprensa — e as pessoas de um modo geral — sejam livres para se expressarem em uma democracia, porque só com a crítica pode haver evolução. É tudo mentira? Conspiração da “blogosfera comunista” e da “esquerda caviar”? Bom, deixei os links de diversos jornais, com todos os matizes ideológicos, para que você tire suas próprias conclusões. Mas, lendo a análise de apenas um dos debates presidenciais, feita pela “Folha de S.Paulo” (que está longe de poder ser tachada como petista), é fácil verificar qual candidato distorceu mais o que disse, em detrimento da verdade. (Atenção, que tem o “não é bem assim” e o “é bem assim”.) Para concluir, olhando para o futuro, como diz Aécio, não gosto da perspectiva de um Brasil presidido por um candidato que tem o apoio de Bolsonaro, Ronaldo, Marco Feliciano, Silas Malafaia e Levy Fidelix. Claro que Dilma também reúne a seu redor um monte de políticos das trevas, mas percebo que a nata do conservadorismo brasileiro, que apoiou o regime militar e elegeu Collor em 1989, está “fechada com Aécio“. E o PMDB, que já foi um bom partido e hoje está longe disso, estará com qualquer um dos dois (alguém se surpreende?).
Enfim. Quero, sim, que haja alternância de poder, queria que fosse possível uma presidência sem blocão com o PMDB, quero que esses escândalos parem de ocorrer com todos os partidos, quero que o Brasil continue crescendo mais e mais, mas não vejo como Aécio Neves possa ser aquela alternativa que muitas pessoas pensam que é. Concorda comigo? Compartilhe o post :D Discorda? Espero que com argumentos e com educação ;)
Fecho o post com o necessário bom humor, que acho que deve prevalecer mesmo durante discussões ou em momentos de tensão :D
- Porque seu governo conseguiu conquistas importantes em algumas áreas;
- Porque as principais críticas que são feitas ao governo perdem força se comparadas com o governo de Fernando Henrique Cardoso, último presidente da República filiado ao PSDB;
- Porque, embora eu considere a alternância de poder muito importante para uma democracia, não acho o princípio válido quando a alternativa é Aécio Neves, personagem que venho acompanhando de perto desde que assumiu o governo de Minas pela primeira vez, em 2003.
Passo a explicar melhor cada uma dessas razões. 1) Para mim, as melhores conquistas do governo Dilma, que foi um governo de continuidade do Lula, dizem respeito:
- ao trabalhador (baixo índice de desemprego — e sempre em queda — num momento em que há altíssimos níveis em países do mundo todo; aumento significativo do salário mínimo e da renda do trabalhador),
- à educação (como já foi bem abordado no artigo da Sílvia Amélia no último domingo, hoje já são 7,3 milhões de matriculados no ensino superior e houve um salto no número de faculdades e instituições técnicas)
- e à erradicação da fome no Brasil, conforme noticiado recentemente pela ONU.
2) A inflação está nas alturas? O crescimento está baixíssimo? A cesta básica está impossível de pagar? A Petrobras está sucateada? Não é o que os números me mostram, pelo menos não dessa forma tão trágica como vem sendo alardeada pelos defensores do Estado mínimo. Vamos aos fatos:
- a inflação no mês passado foi de 0,57%. No mesmo mês de 1998 (primeiro mandato de FHC), houve deflação de 0,22%. No mesmo mês de 2002 (segundo mandato de FHC), foi de 0,72%.
- O ano de 1998 fechou com inflação de 1,65%. Já em 2002, fechou a 12,53% (o governo FHC já tinha conseguido reduzir a hiperinflação a quase zero, que foi seu grande mérito no primeiro mandato, então não é mais válido o argumento de que a inflação estava a 1000% antes de chegar a 12,5%; no segundo mandato, o presidente do Banco Central, responsável direto pelo controle da inflação, era Armínio Fraga, que Aécio escolheu agora como seu ministro da Fazenda). Em 2013, fechou a 5,91% (abaixo do teto da meta) e o acumulado nos últimos 12 meses está em 6,75%.
- Uma das razões para o aumento da pressão sobre os preços nesta época do ano é a prolongada seca (veja AQUI também); portanto, há chances de o ano fechar com inflação dentro da meta estipulada pelo BC, como em todos os outros anos do atual governo (2011, 2012 e 2013).
- Considerando a média da inflação em todo o mandato, a do governo Dilma é a mais baixa desde o Plano Real, inclusive que as dos governos FHC e Lula.
- O país cresceu 0,04% em 1998 (último ano do primeiro mandato de FHC) e 2,66% em 2002 (último ano do segundo mandato).
- Em 2013, o crescimento foi de 2,49%. Em 2014, o acumulado em 12 meses está em 0,93%.
- Gozado é que, pelo menos desde 2013, o PIB de Minas tem crescido ainda menos que a média nacional. E, sim, o Estado também foi prejudicado pela seca.
3) Se o PT e o PSDB nos enojam com o aparelhamento de Estado para benefício do partido — como demonstraram os escândalos do mensalão e este agora da Petrobras (que já resvalou em um dos ícones tucanos, Sérgio Guerra, e em todo o PSDB), e os escândalos do mensalão tucano (que tem como um dos réus Clésio Andrade, vice de Aécio no primeiro mandato e marido da atual presidente do TCE, Adriene Barbosa, que tomou posse como conselheira em 2006, indicada por Aécio quando Clésio ainda era seu vice), a máfia dos fiscais do ISS (que atinge as prefeituras de José Serra, Gilberto Kassab e Fernando Haddad), as propinas milionárias pagas pela Alstom e Siemens para ficarem com os trens e metrôs de São Paulo, além de dezenas de outros escândalos descobertos nos governo FHC, Lula, Dilma, Alckmin, Serra, Eduardo Azeredo e outros –, Aécio Neves me preocupa ainda mais porque, além de também ter aparelhado as estatais mineiras, como Cemig e Codemig, usou seu governo em Minas para benefício próprio ou de sua família, como podemos inferir pelas notícias sobre o aeroporto de Cláudio (e muitas outras práticas coronelistas em Cláudio, que incluem até suspeita de compra de votos), a pista de Montezuma, práticas de nepotismo, que podem ter favorecido diretamente empresas da família — tudo com a conivência completa do Ministério Público do Estado e do já citado TCE presidido por sua amiga, a mulher de Clésio Andrade — ou, muito antes, no início de sua carreira política, por Aécio ter sido nomeado diretor da Caixa por seu parente, que era ministro da Fazenda (e há suspeita de que ele tenha sido conivente, ou pelo menos omisso, em relação à Máfia das Lotecas). Fora essa parte dos escândalos, que pode ser encontrada por qualquer eleitor que “der um Google” por aí, questiono (e não só eu!) a forma como ele governou Minas Gerais (direto do Rio de Janeiro, onde mais morou), com um choque de gestão questionadíssimo (ver AQUI e AQUI), com relatos de ter deixado um “Estado quebrado” para Anastasia, com educação sucateada (e salários abaixo do piso nacional, como se vê nesta carta de professores), investimentos em saúde e educação questionados na Justiça até hoje, falta de transparência, inclusive nos gastos com publicidade, que explodiram em seu governo e foram destinados, em parte, a empresas de telecomunicações de sua família (ou, agora, a contribuir para a campanha eleitoral, conforme entendimento do TSE), e construção de uma obra faraônica, a Cidade Administrativa, por R$ 1,2 bilhão, que já teve que ser reformada um ano depois de pronta; questiono sua nulidade como senador e, antes, como deputado; e não gosto de seus traços autoritários, ao sair processando tudo e todos, até o Google, o Twitter e blogueiros, só por publicarem informações ou opiniões que lhe desagradam. “Traços”, aliás, foi bondade minha, porque considero que muitas das ações do pessoal de Aécio foram tentativas claras de intimidação e de censura prévia, que não condizem com a democracia que estamos tentando construir para o Brasil. (Dois documentários já foram produzidos a respeito: veja AQUI e AQUI). Ainda vale ressaltar que, embora os governos de Lula e de Dilma tenham apanhado de todos os lados, seja nas redes sociais, na blogosfera ou na imprensa, não tenho conhecimento de ações judiciais movidas por eles para tentar calar as pessoas ou os veículos de comunicação. Como esse assunto, da liberdade de expressão e de imprensa, me é muito caro, acho importante registrar essa diferença abissal entre os dois candidatos nesse assunto. Não se trata de corporativismo de jornalista, mas de um princípio básico da democracia. É importantíssimo, fundamental mesmo, que a imprensa — e as pessoas de um modo geral — sejam livres para se expressarem em uma democracia, porque só com a crítica pode haver evolução. É tudo mentira? Conspiração da “blogosfera comunista” e da “esquerda caviar”? Bom, deixei os links de diversos jornais, com todos os matizes ideológicos, para que você tire suas próprias conclusões. Mas, lendo a análise de apenas um dos debates presidenciais, feita pela “Folha de S.Paulo” (que está longe de poder ser tachada como petista), é fácil verificar qual candidato distorceu mais o que disse, em detrimento da verdade. (Atenção, que tem o “não é bem assim” e o “é bem assim”.) Para concluir, olhando para o futuro, como diz Aécio, não gosto da perspectiva de um Brasil presidido por um candidato que tem o apoio de Bolsonaro, Ronaldo, Marco Feliciano, Silas Malafaia e Levy Fidelix. Claro que Dilma também reúne a seu redor um monte de políticos das trevas, mas percebo que a nata do conservadorismo brasileiro, que apoiou o regime militar e elegeu Collor em 1989, está “fechada com Aécio“. E o PMDB, que já foi um bom partido e hoje está longe disso, estará com qualquer um dos dois (alguém se surpreende?).
Enfim. Quero, sim, que haja alternância de poder, queria que fosse possível uma presidência sem blocão com o PMDB, quero que esses escândalos parem de ocorrer com todos os partidos, quero que o Brasil continue crescendo mais e mais, mas não vejo como Aécio Neves possa ser aquela alternativa que muitas pessoas pensam que é. Concorda comigo? Compartilhe o post :D Discorda? Espero que com argumentos e com educação ;)
Fecho o post com o necessário bom humor, que acho que deve prevalecer mesmo durante discussões ou em momentos de tensão :D