Líderes de Donetsk e Lugansk vencem eleições no leste da Ucrânia; Kiev não reconhece votação

Até o momento, apenas a Rússia aceitou o resultado; para Alemanha, pleito viola o tratado de paz assinado entre as partes envolvidas no conflito.

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Até o momento, apenas a Rússia aceitou o resultado; para Alemanha, pleito viola o tratado de paz assinado entre as partes envolvidas no conflito

Do Opera Mundi

A Comissão Eleitoral Central da região separatista do leste ucraniano informou, nesta segunda-feira (03), que os líderes do movimento pró-Rússia Alexander Zakharchenko e Igor Plotnitski foram escolhidos como chefes das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, respectivamente. O governo ucraniano, bem como a União Europeia e a Alemanha, não reconheceu a votação — somente Moscou aceitou o pleito.

Nesta segunda, a Rússia afirmou que respeita os resultados das eleições de Donetsk e Lugansk por considerar que a votação permitirá aos separatistas escolher democraticamente os representantes nas negociações com o governo de Kiev.

Em um comunicado, a chancelaria russa afirmou que “os representantes escolhidos receberam um mandato para o restabelecimento de uma vida normal em suas regiões".

O governo ucraniano, por sua vez, considera que as eleições são ilegais, já que a lei de autogoverno que concede aos insurgentes três anos de autonomia já contemplava a convocação de eleições locais para o dia 7 de dezembro.

A UE (União Europeia) também não considera válido o pleito por entender que ele viola o que foi estipulado no acordo de Minsk, que definiu os termos do cessar-fogo entre forças do governo de Kiev e separatistas. Ainda no domingo (02/11), a UE afirmou que as eleições são um "novo obstáculo no caminho rumo à paz" na Ucrânia, e ressaltou que o voto é "ilegal e ilegítimo" e, portanto, não será reconhecido.

Na mesma linha, o Ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, destacou, em comunicado nesta segunda (03/11), que a soberania e a integridade territorial da Ucrânia não podem ser afetadas. "Está claro que as eleições de ontem [domingo] atentam contra a palavra e o espírito do acordo de Minsk". Steinmeier ressaltou ainda que o acordo de cessar-fogo firmado por Kiev, Moscou e os separatistas pró-Rússia no início de setembro deve pautar a solução do conflito.

Eleições

De acordo com a Comissão Eleitoral Central, os partidos República de Donetsk e Paz em Lugansk venceram as eleições para o Parlamento separatista. Os manifestantes boicotaram as eleições ucranianas de 26 de outubro .

Na liderança dos separatistas em Donetsk desde agosto, Alexander Zakharchenko, de 38 anos, recebeu mais de 765 mil votos e foi eleito líder do movimento na cidade. Ele comandou a defesa de Donetsk desde a explosão da revolta militar. "Estamos dispostos ao diálogo, mas esperamos delas [as autoridades ucranianas] atuações adequadas e normais", disse após o fechamento dos colégios eleitorais.

Para Zakharchenko, a votação não fere o acordo de paz. "Em Minsk, assinamos um documento que diz que podemos realizar eleições livres em nossa terra. Não estabelecia nem datas nem formatos, também não estipulava com clareza que deveriam ser realizadas segundo a legislação ucraniana", comentou.

Igor Plotnitski, de 50 anos, foi eleito líder de Lugansk com mais de 440 mil votos. Ele foi o primeiro ministro da Defesa da região. Em agosto, assumiu o cargo de líder da autoproclamada república popular.

Foto de capa: Reprodução/RT