líderes negacionistas geram "consequências mortais" para a pandemia, diz relatório

Brasil, EUA e Reino Unido são citados como os países que ajudaram o vírus a se espalhar pelo planeta

Jair Bolsonaro e Ernesto Araújo (Foto: Itamaraty)
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Documentos que compõem as conclusões do Painel Independente criado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para estudar a resposta global à pandemia e apresentar propostas para evitar uma nova pandemia traz alguns resultados importantes: a pandemia era evitável, a OMS demorou para decretar o estado de pandemia e líderes negacionistas contribuíram para o aumento de mortes.

O Brasil é citado como exemplo entre os países que gerou mortes e contaminados em número elevados por falta de medidas adequadas e por ignorar os alertas e a ciência. Para os autores dos relatórios, a postura dos líderes que ignoraram a ciência e se somaram ao negacionismo “gerara consequências mortais” para os seus respectivos países e também em nível global.

Nestes documentos também não faltaram críticas a OMS: o alerta da agência poderia ter sido dado antes e, consequentemente, governos poderiam ter agido mais rápido para salvar vidas e houve falta de uma liderança global.

O atual sistema de segurança sanitária global, segundo o relatório, "é claramente inapto para prevenir outro patógeno que poderia surgir a qualquer momento de se transformar em uma pandemia".

Respostas eficazes

Os documentos do Painel também elencaram aqueles países que tiveram as respostas mais adequada no combate ao avanço do coronavírus, são eles: China, Nova Zelândia, República da Coreia, Cingapura, Tailândia e Vietnã.

Segundo os relatórios, as medidas iniciais e agressivas desses países foram fundamentais, entre elas, rápida identificação de casos, rastreamento de contatos, apoio social e econômico, e medidas de saúde.

Também foram listados os países que não adotaram medidas adequadas: Brasil, Nicarágua, Estados Unidos e Reino Unido são os países que, por terem ignorado a ciência e demorado pra agir, enfrentam uma rápida escalada de contágio e morte.

“Momento Chernobyl”

O documento também fez referência ao desastre da usina de Chernobyl (1986) e afirmou que, assim como posteriormente ao desastre atômico novos protocolos internacionais foram adotados, o mesmo deve ocorrer agora para que uma nova pandemia não aconteça.

O grupo sugere a criação do Conselho Global de Ameaças à Saúde, o objetivo é dar mais poderes para que países como a China sejam monitorados e uma verdadeira independência à OMS, e também permitir que comportamentos como o do Brasil "sejam examinados e denunciados de forma oficial por especialistas".

Além disso, o documento propõe "um novo sistema global de vigilância, no qual informações seriam prestadas à OMS, sem necessidade de buscar aprovação e despachar especialistas".

Vacina para todos

Por fim, os proponentes defendem a quebra de patentes das vacinas nos próximos três meses e que os países sem recursos recebam vacinas para imunizar suas respectivas populações de maneira a criar uma segurança sanitária global.

"Nossa mensagem é simples e clara: o sistema atual falhou em nos proteger. E se não agirmos para mudá-la agora, ela não nos protegerá da próxima pandemia, que poderia ocorrer a qualquer momento", disse Ellen Sirleaf, ex-presidente da Libéria.

Com informações do jornalista Jamil Chade no Uol