Meninas estão sendo espancadas dentro da Fundação Casa, dizem familiares

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Elas teriam sido acordadas pelos funcionários ao som de barras de ferro raspando nas grades das celas, puxadas pelos cabelos, jogadas no chão, despidas e depois agredidas com chutes e socos Por Victor Labaki Familiares de garotas que estão cumprindo medida socioeducativa na Unidade de Taipas, em São Paulo, da Fundação Casa, junto com o Coletivo Autônomo Herzer, que atua na luta contra o encarceramento juvenil, fizeram denúncias de que as adolescentes estão sendo espancadas e torturadas pelos funcionários da unidade, que fica localizada na zona norte da capital paulista. Eles contam que na manhã do última sexta-feira (11) elas foram acordadas pelos funcionários ao som e barras de ferro raspando nas grades das celas, puxadas pelos cabelos, jogadas no chão, deixadas nuas e depois agredidas com chutes e socos. Depois as meninas teriam sido deixadas em uma cela de castigo sem acesso a banho de sol e contato com outras garotas. Janete Ferreira, mãe de uma das meninas, contou que ouviu os relatos no dia seguinte quando foi visitar sua filha: "Começaram a bater nas meninas de todas as formas. Algemadas, as meninas pediram para ir ao banheiro e não deixaram. São meninas de 13, 14, 15 e 16 anos", afirmou. Ela também disse à mãe que as meninas que não recebem visitas foram as que mais sofreram agressões.
"Essas meninas apanharam muito na costela. Uma delas aparentemente está com a costela quebrada. A menina grita, não consegue ficar de pé e mal consegue se locomover. De sexta para sábado as meninas não dormiram porque essa menina gritava pedindo socorro. Tem uma que está com olho roxo e uma outra que está com os dois ouvidos pretos de tanta porrada que levou", contou à Fórum.
Janete disse que sua filha, por ser uma das que recebe visita, foi agredida em locais do corpo que não deixam marcas aparentes: levou chutes nos seios, tapas na cara e puxões de cabelo. O motivo da agressão, segundo as próprias garotas, foi por conta de uma conversa que elas tiveram dois dias antes, quarta-feira (9), em que comentaram sobre passar as festas de final de ano em casa. Um funcionário que ouviu interpretou que havia uma intenção de fuga por parte das meninas e comunicou seus colegas. Depois das denúncias feitas por Janete e outros pais, o caso passou a ser acompanhado por organizações de defesa dos direitos humanos e um relatório com os depoimentos das agressões foi encaminhado nesta sexta-feira (18) ao presidente da Fundação Casa.
"Encaminhamos hoje também para a presidente da Fundação Casa, Berenice Giannella, um relatório com as denúncias de maus tratos e agressões e um termo de depoimento de uma das mães das adolescentes", disse Ariel de Castro Alves, coordenador da Comissão da Criança e do Adolescente do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana).
A corregedoria da Fundação ouviu o depoimento de mais de 20 adolescentes e está apurando se houve algum tipo de excesso por parte dos funcionários. As investigações ainda não foram concluídas. Segunda a Fundação Casa, as meninas que se queixaram de agressões passaram por exames de corpo de delito. Histórico de violações A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República publicou um relatório ano passado denunciando a unidade de Taipas por práticas de torturas recorrentes e alto número de funcionários homens dentro de uma unidade feminina. O documento mostra fotos de garotas machucadas nas pernas e nos braços. Foto: Reprodução/Google Street View