Ministério da Saúde evita admitir aumento de casos de Covid no país

Questionada mais de uma vez em coletiva, pasta alega que ataque hacker impede avaliação dos dados das duas últimas semanas, quando alta teria começado

Coronel Élcio Franco, secretário-executivo do Ministério da Saúde (sem máscara), durante coletiva da pasta (Tony Winston/Ministério da Saúde)
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O Ministério da Saúde evitou, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (19), afirmar se o país passa por uma alta de casos de coronavírus. Apesar de questionada mais de uma vez, a equipe da pasta se escorou no ataque hacker que o sistema do ministério sofreu para dizer que não tem como avaliar se de fato houve a alta.

“Devido à instabilidade no sistema decorrente do ataque hacker, não temos base de dados consistentes para fazer uma afirmação se realmente houve ou não acréscimo de casos, de  internações em leitos clínicos, de UTI, e de óbitos [por Covid]”, disse o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco.

A pasta foi vítima de ataque hacker em seus sistemas há duas semanas. Desde então, vinha divulgando alguns boletins de casos e óbitos por Covid com dados incompletos.

Mas o consórcio de imprensa formado por Folha de São Paulo, UOL, O Estado de São Paulo, O Globo , G1 e Extra e tem identificado essa alta na média móvel de duas semanas. O consórcio coleta os dados diretamente com as secretarias estaduais. Já o ministério depende de estabilidade do sistema para que os números transmitidos pelos governos de cada estado sejam contabilizados em sua base de dados.

Por esse motivo, os executivos do ministério foram repetidamente questionados sobre o assunto, mas evitaram confirmar a alta e usaram termos evasivos para rodear o assunto.

“Temos precaução ao falarmos da flutuação da média móvel das duas últimas semanas epidemiológicas”, disse Arnaldo Medeiros, secretário de Vigilância em Saúde, também citando a instabilidade no sistema causada pelo ataque hacker.  “A instabilidade vem se mantendo, estamos recuperando os sistemas e agora não temos ‘plenitude’ desses dados”, afirmou.

Vacinas

Franco disse que, nesta semana, o ministério se reuniu com representantes de quatro laboratórios que estão em fase avançada de testes de suas vacinas contra a Covid-19. São eles: Pfizer, Moderna, Janssen e a empresa contratada para produzir a Sputinik, de origem russa. Nesta sexta, há previsão de reunião com responsáveis pela Covaxin, originária da Índia.