Moradores da ?Guerreiros da 510?, acampam na rua há uma semana

Além do proprietário do prédio, o grande adversário dos ocupantes era o hotel vizinho

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Além do proprietário do prédio, o grande adversário dos ocupantes era o hotel vizinho Por Leandro Uchoas A Defensoria Civil do Rio de Janeiro prorrogou o parecer sobre a possibilidade de moradia da “Guerreiros da 510”. Há uma semana, os moradores da ocupação estão nas ruas, após um incêndio no 12° andar. A previsão é de que novo laudo seja conhecido nos próximos dias. Cerca de 40 pessoas moram no prédio; boa parte: crianças. O incêndio foi provocado por uma ex-moradora, na noite do último dia 22. A mulher de cerca de 24 anos, com histórico de problemas entre os vizinhos, colocou fogo no colchão numa briga com o marido. Os moradores conseguiram apagar o fogo, e chegaram a retornar ao prédio para avaliar os danos. Os moradores foram surpreendidos com o laudo divulgado rapidamente pela Defesa Civil, que considerou a ocupação incapacitada para moradia. Os moradores foram expulsos pela tropa de choque do 13° Baralhão. “O governo municipal se aproveitou do fato para expulsar os moradores, e desmobilizá-los”, diz Marcelo Machado, do Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD). Existente há cerca de dois anos, a “Guerreiros da 510” é conhecida pela resistência pacífica e organização. Com suporte pedagógico do MTD, passaram a organizar assembléias toda segunda-feira para administrar a ocupação, sem estabelecer hierarquia rígida. Vinham organizando, há seis meses, mutirões para atividades como a limpeza do prédio, a pintura das paredes, a aquisição de livros para sua Biblioteca, e a compra de um portão. Contaram também com suporte financeiro de alguns sindicatos. Além do proprietário, o grande adversário dos ocupantes era o hotel vizinho. “Eles tentaram tirar os moradores o tempo todo. Tentaram usar o contexto do choque de ordem. Alegavam que era ponto de droga, que tinha foco de dengue, que as pessoas não cuidavam direito”, conta Rafael Viana, da Comissão de Cultura do MTD. Os moradores ainda não saíram da frente do prédio. No dia 25, organizaram um ato pacífico. Numa roda de música, à qual se integraram estudantes e integrantes de movimentos sociais, fazia seu protesto através da arte. Morador do prédio, Leonardo Pinheiro da Silva diz que a repressão aumentou muito desde janeiro, quando iniciou o novo governo municipal. “Não quero acreditar que todo o nosso esforço para conservar a ocupação foi em vão”, lamenta. Rafael questiona a rapidez do laudo. “A Defesa Civil foi muito rápida. Alegaram que o prédio podia desabar, o que não é verdade. A gente teve a presença de um engenheiro próximo ao movimento que atestou que o prédio está em condições de moradia”, diz. O MTD está articulando com o Sindicato dos Engenheiros e com o CREA um atestado de que há condições de moradia no edifício. Com informações da Agência Brasil de Fato.