Moro entrega celular à PF, que planeja analisar todas as conversas com Bolsonaro

Aparelho tem mensagens e áudios dos últimos 15 dias, mas investigadores vão tentar recuperar conteúdos mais antigos e já deletados

Sergio Moro (Foto: Reprodução)
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Em seu depoimento à Polícia Federal no último sábado (2), o ex-ministro Sergio Moro entregou os diálogos que teve com o presidente Jair Bolsonaro por WhatsApp nos últimos 15 dias. Ele reiterou as acusações feitas em seu pedido de demissão, no último dia 24 de abril, de que o presidente buscava interferir na PF.

Moro afirmou aos investigadores que cabe a Bolsonaro esclarecer os motivos de sua interferência, mas confirmou que uma das preocupações do presidente eram inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-ministro entregou o seu celular para a PF extrair cópias das conversas relevantes para a investigação. Moro, não guardava diálogos antigos, por ter receio de ser alvo de novos ataques de hackers. Por isso, as conversas são dos últimos 15 dias, quando ele já acumulava atritos com Bolsonaro e sofria pressão para demitir Valeixo.

Faz parte deste conteúdo a conversa que revelou no "Jornal Nacional", da TV Globo, em que Bolsonaro diz que a investigação contra seus aliados seria "mais um motivo" para a demissão do então diretor-geral da PF Maurício Valeixo. A PF também copiou a mensagem em que a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) tenta convencer Moro a aceitar a demissão de Valeixo. O material será periciado pela PF.

Depois de terem realizado o “espelhamento” do telefone celular do ex-ministro, os peritos da PF vão tentar recuperar conversas mais antigas que foram apagadas. O trabalho deve ajudar nas investigações do caso.

Segundo o Globo, além de mensagens, delegados e procuradores agora têm em mãos áudios enviados por Bolsonaro. Boa parte da comunicação entre Moro e o Palácio do Planalto se dava por meio do Whatsapp, aplicativo mais usado pelo presidente e seus auxiliares para falar com a equipe.

No depoimento, o ex-ministro também citou uma reunião com outros ministros em que Bolsonaro ameaçou demiti-lo, se ele não trocasse o superintendente da PF do Rio, que investigava Flávio Bolsonaro. A reunião teria sido gravada pela Presidência.

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