No Fantástico, Mandetta detona Bolsonaro: "espero uma fala única" sobre coronavírus

Ministro da Saúde afirmou estar preocupado com as mensagens conflitantes no comando do combate à pandemia, em entrevista ao programa da TV Globo

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no Fantástico, da TV Globo (Foto: Reprodução)
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou neste domingo (12) que se preocupa com as mensagens conflitantes no comando do combate ao coronavírus, em um ataque direto ao presidente Jair Bolsonaro.

“Eu espero uma fala única, uma fala unificada. Porque isso leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se ele escuta escuta o ministro da Saúde, se ele escuta o presidente, quem é que ele escuta”, em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo.

Mandetta ainda admitiu que a relação com o presidente “preocupa” e considera que “o governo olha muito pela economia”. “O ministério da Saúde entende a economia, mas chama pelo lado de proteção à vida”, disse.

O ministro também afirmou que o isolamento social nas últimas semanas ajudou a conter a transmissão e apelou aos brasileiros para que não desistam de cumprir as medidas. “Se iniciarmos precocemente uma movimentação, nos vamos voltar aquele mesmo padrão de onde você tinha um aumento dia a após dia o surgimento de brotes epidémicos (surtos).”

Se não bastasse a posição exatamente contrária ao que o presidente tem dito e demonstrado, Mandetta incluiu no recado para a população mais um ataque a Bolsonaro. “Quando você vê as pessoas entrando em padaria, em supermercado, grudadas, pessoas se aglomerando, fazendo piquenique em parque, isso é claramente uma coisa equivocada”, afirmou.

Nos últimos dias, o presidente foi a uma padaria em Brasília, entre outros passeios tumultuados, e a apoiadores do presidente fizeram algomerações em algumas cidades. "Quem vai escrever essa história é o comportamento da sociedade", sentenciou Mandetta.

O ministro ainda alertou que os meses de maio e junho serão os de maior pressão sobre o sistema de saúde e “os mais duros”. Os cálculos de sua equipe apontam para o pico de transmissão no país entre o final de abril e o início de maio, mas a alta transmissão deve se manter por até dez semanas depois disso. “Sabemos que teremos dias muitos duros.”

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