O melhor não é esperar pela festa...

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Caro leitor eleitor, caríssima leitora eleitora, eu lhes pergunto: O que a Sociedade Esportiva Palmeiras, o Santos Futebol Clube, o Esporte Clube Corinthians Paulista e o Partido dos Trabalhadores têm em comum? Não, não estou falando de um ponta-esquerda memorável, como um Nei, um Pepe, um Romeu Cambalhota ou um Lula. Também não pensei numa torcida animada, fiel até nas horas de desespero. E tampouco digo que seja uma origem modesta, feita por poucos e bravos desbravadores.

Acredito que os três times e o partido têm em comum o fato de conseguirem um grande feito depois de anos de luta e insucessos.

Vejamos o Palmeiras, por exemplo. Há pouco tempo era um dos melhores do Brasil. Mas quem não se lembra do que aconteceu entre 1976 e 1993? Quero dizer, quem não se lembra do que não aconteceu? O que existia era um vazio, um deserto, um enorme jejum de títulos. A bola não entrava, os campeonatos escapavam por entre os dedos, a sorte não trabalhava a favor. Entretanto, com a ajuda de um bom patrocinador, novos ares chegaram ao Palestra Itália: títulos nacionais, títulos internacionais, jogadores com nível de seleção. A década de 90 foi uma época de glórias.

E o que falar do glorioso Santos, o time bicampeão mundial na década de 60. Naquela época, o fato de contarmos com Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe quase fazia com que esquecêssemos dos vinte anos de dieta de títulos que haviam durado de 1935 a 55. O alvinegro praiano ficou duas décadas sem ganhar um título sequer, mas depois foi compensado com o maior elenco de todos os tempos. Depois da tempestade veio a bonança. Ou, no caso, as taças.

E o Timão? Que fiel torcedor não se lembra dos 23 anos de gozações que só acabaram em 1977, com o gol de Basílio e a expulsão de Rui Rei. Foi uma era de frustração e dor, e até o Reizinho do Parque, o inesquecível Rivellino, sofreu naqueles dias.

Pois bem, com o Partido dos Trabalhadores não foi muito diferente. Criado no estádio de Vila Euclides, o partido foi crescendo, às vezes a passos bem lentos, às vezes aos saltos. Conseguiu chegar três vezes à disputa do campeonato brasileiro, digo, à disputa da presidência do Brasil, mas, como Palmeiras, Santos e Corinthians, passou por uma fase em que sempre perdia nas decisões. Ele tinha uma boa equipe e um padrão de jogo ousado, mas sempre caía frente ao seu oponente. Duas vezes foi derrotado pelo poderoso PSDB (numa ligação com o PFL) e uma vez perdeu para o pequeno PRN, equipe que teve seu principal jogador expulso do futebol, digo, da política, por um bom tempo. Cada vice-campeonato era uma enorme derrota.

Porém, o PT não se acomodou e continuou tentando. Chegaram novos jogadores, mudaram os técnicos e até o uniforme ficou mais elegante. O time começou a jogar mais pelo meio e com mais troca de passes, de acordo com o gosto da torcida. E aí veio o resultado. O PT conquistou títulos municipais, estaduais e, finalmente, depois de mais de vinte anos de espera, chegou lá, ao campeonato brasileiro.
Desta vez os antigos clubes não conseguiram viradas de mesa. Os antigos cartolas, cheios de más intenções, foram para a segunda divisão.

E por causa desta espera e dos três quase-títulos, a conquista foi ainda mais festejada, ainda mais celebrada. Foi como os títulos do Santos em 55, do Corinthians em 77, do Palmeiras em 93. E alegria dessa conquista mostra que está muito errado aquele ditado que diz que o melhor da festa é esperar por ela. O melhor da festa é a própria festa.