Outro dia já faz 30 anos

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O jovem Victor Jara era um cantante popular no Chile do princípio dos anos 70. Suas músicas estavam no ritmo de uma geração que acreditava na possibilidade de um novo país. Seus refrões embalavam o sonho de uma nova história para o seu país. O sonho foi assassinado no dia 11 de setembro de 1973. Logo depois Victor Jara foi torturado até a morte. Seu corpo foi encontrado num latão de lixo, no dia 16. Havia sido partido em dois por uma rajada de metralhadora.

No país chamado América de Simon Bolívar os sonhos ainda estão vivos. Mas a máquina de assassiná-los funciona a todo vapor.

O que está em jogo quando se discute para onde se vai ou de que jeito se faz ou até onde se vai não são preferências pessoais ou questões semânticas. Para se discutir o destino de um país e as possibilidades de um governo é preciso (sempre) levar em conta a história e os adversários históricos. A força que se tem e o poder que os outros têm.

Hugo Chávez abandonou o Palácio de Miraflores em 11 de abril de 2002 e aceitou sair dali preso. Se resistisse, morreria como Allende. Seu ato não foi de covardia. Foi a salvação de seu governo e de um projeto popular.

O Brasil de hoje tem semelhanças com o Chile de ontem. A Venezuela também. Talvez até a Argentina, Equador e mesmo o Chile. Esses países têm governos com erros e acertos, mas infinitamente mais comprometidos com os sonhos de Victor Jara do que com a crueldade dos que o assassinaram. Isso não é tudo, mas não é pouco.