PDFs com a produção acadêmica de 2010-2011

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Desde a época do Biscoito Fino e a Massa, costumo colocar em meu blog, em formato PDF, pelo menos uma parte da minha produção acadêmica. Repito a dose aqui neste post para a produção dos anos 2010-2011, no caso de que interesse a alguém conferir estes artigos. São textos que já divulguei no Twitter, mas aqui estão, reunidos num lugar só. Vão abaixo os títulos, breves sinopses dos argumentos e, no final, links aos PDFs. “Valor estético e cânone literário: Notas sobre um debate de nosso tempo”. Este é um artigo bem longo, escrito a convite da Revista Brasileira de Literatura Comparada, acerca das discussões sobre valor estético que têm tido lugar na disciplina. Esses debates opõem, grosso modo, “esteticistas”--defensores da primazia de um valor próprio ao objeto estético que transcenderia as condições históricas, geográficas, sociais em que ele surge—e, por outro lado, “culturalistas”, que têm proposto revisões do cânone literário baseadas na avaliação de que as hierarquias de classe, etnia, gênero, nacionalidade, orientação sexual etc. cumprem um papel na determinação do que entendemos como “grandes obras”. Embora boa parte do artigo se dedique a desmontar os pressupostos dos esteticistas—e as reações de alguns deles, às vezes emblematizadas no pânico estão substituindo Shakespeare por Madonna!--, eu também não me alinho automaticamente com os culturalistas. O artigo desenvolve o conceito de “contingência”, tomado da filósofa pragmatista Barbara Hernnstein Smith, e o aplica a essa polêmica. Clique aqui para pegar o PDF. Há também uma versão mais breve em espanhol, publicada na revista chilena Aisthesis. [caption id="attachment_780" align="alignleft" width="199" caption="Capa de "Brazilian Popular and Citizenship". Foto de Daniel Sharpe em show do Cordel do Fogo Encantado"][/caption] “Unpacking the 'human' in human rights: Bare life in the age of endless war”. É um artigo escrito a convite de colegas da Universidade de Minnesota, por ocasião do 60º aniversário da Declaração dos Direitos do Homem, para publicação na revista Hispanic Issues Online. O texto trabalha o conflito entre normas universais de direitos humanos e o particularismo norte-atlântico (estadunidense-europeu) a partir do qual alguns desses conceitos universais são elaborados. De lá para cá, mudei um pouco minha posição sobre esse debate, mas ainda subscrevo boa parte do que está no artigo. Clique aqui para pegar o PDF. “Ingermina, de Juan José Nieto: antagonismo y alegoría en los orígenes de la novela caribeña”. Completamente desconhecido no Brasil, Ingermina, do liberal radical afrocolombiano Juan José Nieto, é um dos primeiros relatos longos em prosa de ficção publicados na América Latina. Lançado em 1844, durante o exílio jamaicano do seu autor, o romance permaneceu sem reedições até 1998. A história tem lugar em 1553, durante a conquista do reino de Calamar (o que seria depois a cidade de Cartagena, no Caribe colombiano) e é consideravelmente mais complexo no retrato das populações ameríndias do que outros textos comparáveis, como Iracema, de José de Alencar, ou as várias fábulas mexicanas derivadas do mito da Malinche. O artigo está publicado na Revista de Estudios Sociales, da Universidade dos Andes, e o PDF está aqui.

“Entre o violoncelo e o cavaquinho: música e sujeito popular em Machado de Assis”. É uma versão resumida de um artigo que recebeu o 1º lugar no Concurso Internacional de Ensaios sobre Machado de Assis, organizado pelo Itamaraty, e só publicado num volume comemorativo da chancelaria, distribuído a embaixadas, consulados e bibliotecas, mas não vendido em livrarias. Trata de como Machado registrou e pensou, não só na ficção como também nas crônicas, as relações entre gêneros sancionados da música erudita (o sonatismo, a ópera), formas européias que se popularizavam no Brasil (como a polca) e gêneros genuinamente populares (o maxixe, derivado em parte do abrasileiramento da polca). Tem uma posição de destaque no artigo um conto até recentemente pouco estudado de Machado, “O Machete”, publicado em 1878 no Jornal da Família e nunca reunido em livro durante a vida do autor. O texto está na Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea (daquele antro comunista, a UnB), que foi gentilíssima ao estender bem o conceito de “contemporâneo” da revista para que entrasse meu texto. Pegue o PDF aqui.

“O Manguebeat e a superação do fosso entre o nacional e o jovem na música popular”. O artigo analisa o Mangue Beat a partir de uma de suas marcas registradas, o diálogo entre gêneros estrangeiros marginais ao panteão do pop rock internacional (heavy metal, hip hop, raggamuffin) e gêneros brasileiros tidos como regionais e não canonizados no panteão da música nacional (coco, maracatu, ciranda, embolada). O emblema do movimento, a parabólica fincada na lama, combina as raízes na realidade local com a atenção permanente aos fluxos globais. A tese do artigo é de que o Mangue Beat supera o fosso entre música popular e música jovem aberto a partir da crise do potencial contestatário e emancipatório da MPB no período de transição à democracia. O texto saiu em Outra Travessia, da UFSC, e o PDF está aqui.

[caption id="attachment_774" align="alignright" width="197" caption="Capa de "Figuras da Violência", lançado em 2011"][/caption] “O pensamento da violência em Walter Benjamin e Jacques Derrida”. O artigo examina o clássico ensaio de Walter Benjamin, “Para a crítica da violência”, à luz de um dos momentos importantes de sua fortuna crítica, o Força de lei, de Jacques Derrida. Em primeiro lugar, questiono a associação que faz Derrida entre o ensaio de Benjamin e uma suposta “onda anti-parlamentar” no pensamento weimariano. Daí, passo a um exame da identificação feita por Derrida entre a noção benjaminiana de violência divina e o conceito de Destruktion que elaboraria Heidegger alguns anos depois. Para finalizar, tiro algumas conclusoes acerca dos vinculos entre a leitura de Benjamin proposta em Força de lei e alguns postulados de outro ensaio de Derrida, "Interpretações em guerra", lido em Jerusalém, num colóquio realizado em 1988, durante a segunda Intifada, e marcado pela ausência de convidados palestinos. O texto saiu em Cadernos Benjaminianos, da UFMG, e está disponível em PDF aqui.

Saíram também, em 2011, dois livros meus: uma monografia em português e um volume em inglês, coeditado por mim e por meu colega Christopher Dunn. No caso dos livros, os links o levam a livrarias onde você pode adquiri-los.

Brazilian Popular Music and Citizenship reúne uma introdução minha e de Chris ao tema e ensaios de 20 pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Uma breve versão minha da introdução que escrevemos juntos está disponível em espanhol na revista argentina Todavía.

Figuras da Violência: Ensaios sobre Narrativa, Ética e Música Popular saiu no final de 2011 pela Editora UFMG. Inclui revisões de alguns dos artigos citados aqui e uma boa quantidade de material inédito.