Pesquisa "Drogas no Brasil", da Fundação Perseu Abramo, vira livro que quebra paradigmas

O livro "Drogas no Brasil, entre a saúde e a justiça: proximidades e opiniões" será lançado nesta sexta-feira (21) em São Paulo; reunindo artigos de especialistas das mais diversas áreas, a obra discute a questão das drogas sob um ponto de vista contrário à lógica de guerra e questiona o proibicionismo.

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O livro "Drogas no Brasil, entre a saúde e a justiça: proximidades e opiniões" será lançado nesta sexta-feira (21) em São Paulo; reunindo artigos de especialistas das mais diversas áreas, a obra discute a questão das drogas sob um ponto de vista contrário à lógica de guerra e questiona o proibicionismo  Por Ivan Longo  Acontece na tarde desta sexta-feira (21), em São Paulo, o lançamento do livro "Drogas no Brasil, entre a saúde e a justiça: proximidades e opiniões". A obra, coordenada por Vilma Bokany, é o resultado direto de debates entre especialistas e da pesquisa Drogas no Brasil, realizada em 2013 pela Fundação Perseu Abramo. Com o objetivo de discutir as drogas sob o ponto de vista anti-hegemônico ao discurso da guerra e do conflito, o livro reúne, ao todo, dezesseis autores das mais diversas áreas - como medicina, direito, sociologia, antropologia, psicologia, jornalismo, história, neurociência e saúde pública - que sugerem, por meio dos argumentos contidos em seus artigos, um debate mais maduro para diminuir a resistência à liberalização, descriminalização e/ou regulação de uma política de drogas. Entre os colaboradores do livro estão o deputado federal Paulo Teixeira, o representante da Marcha da Maconha e do Coletivo DAR, Júlio Delmanto, o biólogo e neurocientista da Unifesp, Renato Filev, a antropóloga Sandra Goulart e o farmacêutico Paulo Mattos. Sandra Goulart, por exemplo, trata em seu artigo sobre a questão das chamadas religiões "ayahuasqueiras" brasileiras, que começaram a surgir no país, inicialmente na região amazônica, a partir da década de 30. Essas religiões se caracterizam pelo uso ritual de uma bebida psicoativa, o Ayahuasca, também conhecido como Daime ou vegetal.  A partir dos debates e do estudo deste fenômeno, a antropóloga defende que um psicoativo poderoso como o Ayahyasca pode, sim, ser utilizado sem danos sociais e sem precisar, necessariamente, ser controlado pelo Estado ou por pessoas que não pertencem àquela religião. "Durante décadas eles desenvolveram um conjunto de técnicas, de regras informais, de saberes que regulam o uso desta substância, evitando ao máximo efeitos indesejáveis, desestruturantes e, por outro lado, potencializando os efeitos desejados por seus usuários", afirmou. Nesse sentido, Sandra adianta que chegou, entre outras, a uma conclusão importante: "Quando falamos de drogas, não podemos considerar apenas os efeitos farmacológicos delas. Mas temos que ter uma abordagem multidisciplinar, considerar diferentes fatores". A antropóloga será uma entre os convidados na roda de debates do lançamento do livro, que também contará com a presença de outros pesquisadores do tema, como o antropólogo Oswaldo Fernandez, da Universidade Estadual da Bahia, a coordenadora do CESeC/UCAM (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes) Julita Lengruber, a coordenadora do projeto "Braços Abertos" da prefeitura de São Paulo, Maria Angélica Comis, e o psicanalista e membro do conselho consultivo da Plataforma de Políticas sobre Drogas no Brasil (PBPD), Aldo Zaiden.  O evento é gratuito e aberto ao público. Serviço:  Debate-lançamento do livro Drogas no Brasil, entre a saúde e a justiça: proximidades e opiniões Dia 22 de maio Horário: a partir das 16h20 Local: Ong Elenko, Rua Duartina, 238 - Sumaré, São Paulo-SP.