PSL omitiu despesas com campanha de Bolsonaro e cometeu crime eleitoral, diz reportagem

Uma das empresas beneficiadas pelo partido foi criada por ex-assessor da família Bolsonaro na Câmara dos Deputados, que teria sido contratada para propagar mensagens da campanha em grupos de WhatsApp

Bolsonaro e Luciano Bivar, presidente do PSL (Reprodução)
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Reportagem do portal Vortex divulgada nesta segunda-feira (21) revela documentos que comprovariam que Jair Bolsonaro teria usado dinheiro do fundo partidário do PSL para bancar sua campanha à presidência. Caso comprovado, o esquema pode ser tratado como crime eleitoral. Segundo a reportagem investigativa, produzida por Gabriela Sá Pessoa, Wilson Lima, Teo Cury e Lucas Lago, pelo menos R$ 915,4 mil do dinheiro do PSL foram repassados a cinco empresas que relataram ter trabalhado para a campanha de Bolsonaro. O caixa oculto elevaria em até 37% os gastos declarados por Bolsonaro na campanha. Em vez de R$ 2,45 milhões, ela poderia ter custado R$ 3,3 milhões. Entre os gastos não contabilizados, estaria o pagamento de serviços de disparo de WhatsApp, que foi usado para propagar fake news em benefício da candidatura de Bolsonaro. O contrato teria sido feito com a empresa Ideia Marketing, cujo dono, Érico Filipe de Mello e Costa, atuou como assessor da família Bolsonaro durante 14 anos na Câmara dos deputados. A empresa foi aberta menos de um mês depois de ele deixar o cargo que ocupou no gabinete de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) de 2016 a 2018. Antes disso, trabalhou por mais de 11 anos no gabinete de Jair Bolsonaro, de novembro de 2004 a março de 2016. Segundo a reportagem, as notas fiscais emitidas pela empresa são sequenciais - o que indica que o PSL seria o único cliente. Nos relatórios, a Ideia Marketing afirma que angariou informações de “mais de 100 mil cadastrados para o uso de marketing digital para a campanha política” e que disparou mensagens de WhatsApp “para grupos de apoiadores em todo o Brasil” com vídeos de Jair Bolsonaro.