Regina Duarte aceita intervenção para ter saída menos vergonhosa do governo

Em processo de fritura pública por Bolsonaro, secretária da Cultura articula transição com as alas ideológica e militar, sob o comando da deputada Carla Zambelli

Regina Duarte e Jair Bolsonaro - Foto: Carolina Antunes/PR
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Em meio a um processo de fritura iniciado pelo presidente Jair Bolsonaro, a atriz Regina Duarte recorreu a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) para tentar uma saída menos vergonhosa da Secretaria Especial da Cultura.

De acordo com pessoas próximas à pasta, a Secretaria Especial da Cultura está vivenciando uma espécie de intervenção da deputada bolsonarista. Zambelli deverá indicar nomes para a Cultura, uma vez que as escolhas feitas por Regina foram derrubadas por ela mesma ou por Bolsonaro.

Além de Zambelli, de quem Regina é amiga, ela conta com o apoio do secretário de Assuntos Especiais da Presidência da República, contra-almirante Flávio Rocha.

Com a tutela de Zambelli, a ideia é criar um ambiente de transição para que Regina saia do governo de forma pacífica. ?Para isso, a secretária aceitou o suporte de duas alas importantes do governo –a ideológica, representada pela deputada, e a militar, com Rocha.

De acordo com um ex-aliado da atriz, ela tem agido de maneira intempestiva e se isolado dos seus principais apoiadores. Na semana passada, o secretário-adjunto, Pedro Horta, e a assessora de imprensa, Renata Giralda, foram demitidos. A demissão ocorreu depois que a atriz deu um chilique em uma entrevista à CNN e defendeu a ditadura militar.

A secretária também planeja produzir vídeos sobre as atividades dos seus pouco mais de dois meses de gestão e realizar um treinamento para entrevistas, indicado pela deputada Zambelli.

Na visão da ala ideológica do governo, Regina não atendeu às expectativas de retirar nomes ligados à esquerda do setor cultural. Ela chegou a fazer uma apresentação para Bolsonaro sobre seus planos para a cultura, mas não convenceu o presidente por não intensificar a guerra cultural e ideológica.

Em abril, Bolsonaro deu aval a aliados para que façam críticas públicas à gestão de Regina. Na última terça-feira  (19), o presidente compartilhou nas redes sociais um vídeo do ator Mário Frias dizendo estar à disposição para o cargo. No mesmo dia, Bolsonaro levou Frias para almoçar.

Enquanto isso, o governo segue sem um plano de apoio à cultura e aos artistas durante a pandemia. Artistas têm articulado um projeto de lei com deputados no Congresso Nacional.

Com informações do jornal Folha de S.Paulo