Relatório dá detalhes de confrontos forjados pela PM no Rio de Janeiro

Levantamento da ONG internacional Human Rights Watch revela alteração em cenas de crimes e rebate declarações da polícia em dezenas de casos.

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Levantamento da ONG internacional Human Rights Watch revela alteração em cenas de crimes e rebate declarações da polícia em dezenas de casos Por Matheus Moreira Um relatório divulgado pela ONG internacional Human Rights Watch traz, em mais de 100 páginas, relatos detalhados de confrontos forjados e alteração em cenas de crimes para acobertar execuções praticadas por policiais militares do Rio de Janeiro. O levantamento revelou pelo menos 64 casos em que a PM buscou encobrir o próprio uso ilegal e letal da força em execuções. Nessas ocasiões, morreram 116 pessoas, entre as quais 24 eram crianças ou adolescentes. Nos crimes ocultados pela polícia, a ONG denuncia a ocorrência de tiros pelas costas e movimentação de mortos sob o falso intuito de socorro. Um dos casos, registrado como confronto no Morro da Coroa em junho de 2015, levou um homem à morte. De acordo com a PM, ele foi socorrido e levado com vida para o hospital, onde teria falecido. Entretanto, o relato de uma testemunha e a autópsia destoam dessa versão e apontam que a vítima foi morta numa rajada de tiros; um deles à queima roupa. O relatório aponta que, para cada policial que morreu em exercício da função, 24,8 pessoas morreram pelas mãos dos agentes. “É mais que o dobro que na África do Sul e uma média 3 vezes maior que nos EUA”, diz o texto. O papel omisso da Polícia Civil O estudo ressalta ainda os mecanismos pelos quais a Polícia Civil deveria investigar a má conduta dos agentes. O relatório cita a Constituição Federal e lembra que cabe ao Ministério Público “assegurar que a Polícia Civil conduza investigações minuciosas e profissionais quando há evidências de que policiais cometeram crimes”. Após ouvir testemunhas e membros da Justiça, a Human Rights Watch afirma que a maioria dos policiais envolvidos nessa prática não é responsabilizada. Dos 64 casos detalhados no documento, em 52 deles nenhum perito analisou a cena do crime. De acordo com a ONG, a investigação dos fatos, geralmente, não busca testemunhas não-policiais e sequer faz análises e exames básicos. Confira o relatório na íntegra. Foto: Divulgação / Human Right Watch