Renan se diz vítima de complô da mídia anti-Lula

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O presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) disse que setores da mídia, que não conseguiram derrubar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições do ano passado, querem agora "ir à forra" contra ele.

Ao chegar em seu gabinete nesta quarta-feira, Renan disse que não cometeu nenhum crime, por isso não vê motivos para responder por um processo de cassação. "Setores da mídia perderam a guerra com o presidente Lula, não conseguiram derrotá-lo no primeiro e no segundo turno [das eleições] e querem, agora, um terceiro turno. Mas para isso precisam de um crime. Essa crise é artificial. O que há contra mim? Não há uma prova sequer", disse. Renan disse não houve quebra de decoro parlamentar, uma vez que comprovou que usou seus próprios recursos e não recorreu à empreiteira para pagar pensão à jornalista. "Eu já me penitenciei, já pedi perdão e fui perdoado por quem devia. Do que me acusam mais", questionou o senador. O presidente do Senado foi apontado numa matéria da suspeita revista Veja como suposto beneficiário da construtora Mendes Júnior, para pagar pensão e aluguel à jornalista Mônica Veloso, com quem o presidente do Senado tem uma filha. Mas, até agora, todos os depoimentos e documentos que chegaram ao conhecimento da Comissão de Ética do Senado mostram que não há qualquer veracidade nesta acusação plantada pela própria jornalista Mônica Veloso que, junto com seu advogado Pedro Calmon, tentam chantagear o presidente do Senado. Segundo o próprio Renan, a dupla de chantagistas tentou arrancar-lhe R$ 20 milhões. Documentos Renan disse que, se houve irregularidades nos documentos encaminhados por ele ao Conselho de Ética para comprovar sua renda, a responsabilidade é de quem comprou parte de seu rebanho em Alagoas. "Dizem que os documentos de quem adquiriu o gado não estão corretos. O que eu tenho a ver com isso? Eu apresentei provas, paguei, os documentos foram autenticados e atestados de que são verdadeiros", afirmou. Solidariedade O presidente do Senado negou que tenha sido abandonado pela maioria dos senadores, mesmo depois de ter ouvido ontem, por mais de duas horas, sucessivos apelos de parlamentares, no plenário do Senado, para que se afaste do comando da Casa durante as investigações do Conselho de Ética. "Eu tenho tido a maior solidariedade, que eu precisava ter, dos meus amigos, dos meus pares, dos meus companheiros. Eu vou enfrentar este processo da forma que eu enfrentei até agora, até o último momento. Espero que o povo brasileiro ganhe porque o que está acontecendo é uma covardia." Renan reiterou que não vai se afastar da presidência do Senado apesar dos apelos dos parlamentares. "De nada adianta deixar a presidência. As pessoas acham que podem separar as instituições de seus componentes e não podem." Batalha política A afirmação do presidente do Senado coincide com a opinião divulgada desde o início da crise por lideranças de esquerda que não se enganaram com a cortina de fumaça que a mídia dominante levantou em torno do caso Renan com o claro objetivo de atacar as bases do governo Lula. Em meados de junho, em discurso na tribuna do Senado, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) comentou que a mídia trabalha com essa vertente para poder desmoralizar figuras importantes, atingir o presidente da República. “Não há aqui um jogo de inocência. Não se trata só do problema moral. Não vamos cair nessa cantilena. Conhecemos esse debate de longa data. Temos mestres estudados até hoje como Carlos Lacerda e seu moralismo que no final era falso e usou a mídia da época”, lembrou. “Estamos na expectativa de que o Conselho de Ética do Senado compreenda que há, em torno dessa questão, uma batalha política dos setores mais conservadores, que não se conformam, até hoje, com o fortalecimento do presidente Lula e de sua base”, disse Inácio. Vermelho