Surto de Covid-19 paralisa produção em plataformas da Petrobras

Sindicato dos petroleiros afirma que o diálogo com a direção da empresa é “quase zero”, que os “trabalhadores estão aterrorizados” e que a produção já está afetada

Foto: EBC/ArquivoCréditos: Div
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O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) entrou com uma ação no Ministério Público do Trabalho (MPT) para denunciar um surto de Covid-19 nas plataformas da Bacia de Campos. De acordo com informações reveladas por Tezeu Bezerra, a produção já está prejudicada em algumas plataformas e os “trabalhadores estão aterrorizados” com a situação.

De acordo com relato de Tadeu Bezerra são “várias plataformas” da Bacia de Campos que estão passando por um surto de Covid-19 e que, mesmo diante de tal situação, o diálogo com a direção da Petrobras é “quase zero” e que as reuniões semanais que eram realizadas foram suspensas pela direção da empresa. Bezerra também revela que um operador de rádio faleceu nesta sexta-feira.

Segundo o documento encaminhado pelo Sindipetro ao MPT, as seguintes plataformas se encontram em estado de surto por Covid-19: P-37, P-38, na P-63. Bezerra também conta que “depois de muita cobrança uma operadora de rádio da P-38” foi desembarcada e como teve surto na plataforma, teve que ser desinfectada e foi necessário o desembarque de muita que, posteriormente, testou positivo.

Na P-43, cerca de vinte pessoas tiveram de deixar a plataforma, porém, em relação as pessoas que permaneceram no local de trabalho não realizaram distanciamento. Alguns dias depois, novos casos foram detectados.

Na P-38, 6 trabalhadores testaram positivo no dia 11 de março. No dia 15, a plataforma apresentou vários novos casos, a enfermaria ficou lotada e 8 trabalhadores tiveram que deixar o local.

O documento apresentado ao MPT alega que se faz necessário a testagem constante dos trabalhadores da plataforma como maneira de controlar o vírus.

Além do problema de testagem nas plataformas, o documento relata outras questões de logística que colocam os trabalhadores em situação vulnerável: no dia 4 de março, os trabalhadores em quarentena pré-embarque em hotéis nas cidades de Campos dos Goytacazes tiveram o fornecimento de almoço, no dia da chegada, suspenso pela Petrobras. Dessa maneira, eles tiveram de quebrar o isolamento para se alimentar.

Dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) revelam que, entre os dias 12 e 17 de março há 4743 casos acumulados e 3392 confirmados que acessaram as instalações. A parir deste cenário, a Sindipretro exige que o MPT peça que a direção da Petrobras preste esclarecimentos quanto a real situação do coronavírus nas plataformas da empresa e que regularize o fornecimento de almoço dos trabalhadores.

Segundo levantamento da Sindipetro houve perda de produção nas plataformas P56 e P40 onde em torno de 64 mil barris de petróleo deixaram de ser produzidos devido o surto de Covid-19 entre os dias 15/03/2021 até hoje. Isso custou mais ou menos 23 milhões de reais. Fora a maior perda que é a possibilidade de algum trabalhador perder a vida, que não tem preço”.

Por fim, a ação da Sindipetro-NF coloca algumas ações que devem ser tomadas pela Petrobras em caráter de urgência: estabelecer protocolo de retestagem de todos os trabalhadores a bordo das unidades offshore, de 3 a 7 dias após a sua chegada nas unidades; Demostrar as análises de ocorrência ou não de nexo causal da contaminação pela Covid-19, em suas unidades, com a atividade laboral; Reduzir ao mínimo necessário para o abastecimento nacional o POB e a produção das unidades, até que os números da pandemia no Brasil e na Petrobras sejam reduzidos a níveis que não ameacem efetivo colapso do sistema de saúde, como ocorre atualmente; Restabeleça imediatamente a agenda de reuniões entre os representantes da EOR e os sindicatos.