Tecnologia social une cidade em defesa do meio ambiente

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O que seria uma aula prática de laboratório, transformou-se num projeto de preservação ambiental. A idéia surgiu, em 1999, após a visita da professora de biologia Ivanete Oliveira com uma turma do Colégio Estadual Raimundo Santana Amaral ao córrego que corta a cidade de Rubiataba (GO), distante 220km de Goiânia. Durante o percurso, o grupo encontrou as águas, antes límpidas, degradadas e poluídas.

Resolveram, então, organizar mutirões de limpeza e iniciar um trabalho de conscientização da população, envolvendo a comunidade e o poder público. A idéia era chamar a atenção para a importância da conservação dos recursos naturais. Dessa união, nasceu o Projeto Córrego da Serra. A iniciativa foi vencedora, na categoria Centro-Oeste, do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2007.

O objetivo do projeto Corrégo da Serra é promover a inclusão social de adolescentes, por meio de oficinas educativas, e criar uma nova consciência ambiental, além de incentivar o empreendedorismo e gerar renda. O projeto é mantido por sócios, que contribuem com mensalidades. As taxas variam de R$ 15 a R$ 80, de acordo com as condições financeiras de cada mantenedor. A receita arrecadada sustenta as atividades de educação ambiental.

O prêmio de R$ 50 mil, recebido da Fundação Banco do Brasil, foi destinado à ampliação da sede do projeto e incluiu a construção de uma cozinha, que vai fornecer alimentação para a “Patrulha do Meio Ambiente”, apelido dado aos 700 estudantes e aos colaboradores que trabalham nas atividades de conservação e monitoramento do Córrego da Serra.


Reaplicação

“Hoje, a equipe continua fazendo a limpeza e a recuperação das margens de todos os córregos do município. “Trabalhamos na conscientização e na fiscalização. Temos uma escola ecológica, uma oficina de meio-ambiente e fundamos a organização não governamental (ONG) Córrego da Serra”, conta a professora Ivanete.

As quatro oficinas do projeto envolvem 124 pessoas, entre adolescentes e idosos. Os temas trabalhados incluem reciclagem de papel, arte na lata, tecelagem artesanal e turismo ecológico. Além dessas, existem também as de confecção de pufes com garrafas pet, pintura em cabaça e confecção de embalagens com caixas de leite longa vida.

“O prêmio representou um avanço para a comunidade de Rubiataba e gerou a idéia de fundar a microempresa ?Córrego da Serra?”, revela a professora. O esforço resultou, também, na criação da Secretaria Municipal do Meio-ambiente e no Comitê de Preservação da Bacia do Rio Novo.

Outro resultado do projeto foi a solução para as mossorocas e o lixão. Pneus velhos, entulho, areia e grama foram utilizados para corrigir as erosões e o lixo foi transferido para um aterro sanitário.


Participação

O trabalho não parou. Uma pesquisa sobre os afluentes e a história do rio e a reconstrução do dia-a-dia dos moradores das redondezas ajudou a reconstituir a mata ciliar, tirando da memória coletiva o passado do rio. Outro desdobramento do projeto foi a criação de um banco de sementes, no viveiro da prefeitura, para a produção de mudas. A aridez, então, virou floresta.

O ex-prefeito Teodoro Ribeiro, atual presidente da ONG, diz ter orgulho em participar das ações: “A proposta ajuda a educar a juventude”, declara. A declaração é confirmada pelo entusiasmo da estudante Thais Galvão de Ávila, 17 anos. Monitora do projeto, ela diz que sua vida se transformou. “O trabalho que fazemos pode mudar o pensamento e a visão de mundo com relação à natureza”, afirma.

O Prêmio Fundação Banco do Brasil é realizado em parceria com a Petrobras, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e da KPMG Auditores Independentes.
Concedida a cada dois anos, identifica e difunde tecnologias sociais, conceito que compreende produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade, que representem soluções efetivas de transformação social.

(Matéria originalmente publicana no site da Fundação Banco do Brasil)