Tempo de outra harmonia

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Instrumento de arco com 15 cordas da Itália dos séculos XVII e XVIII, accordo produzia sons harmônicos. Daí se tornar origem da palavra da boa melodia humana. Garantia de paz, tranqüilidade, comunhão. Algo que se pratica de forma consciente, com conhecimento de causa, refletindo.

Nada como pensar assim em relação à negociação por trás da palavra que toca essa revista do começo ao fim. Se é acordo, deveria ser bom. Mas da velha Itália para o hoje, o arco das 15 cordas mudou o compasso. Passou a ser modalidade de contrato. Quando afinado por apenas um dos que pretendem usá-lo, dispara sons como rajada. Prazos, garantias, multas. Seus termos dependem da força, honestidade e até generosidade de quem os deseja. Acordo pode se tornar sentença. Não o julgamento do Divino sobre os homens. Algo como o que passou com Noé ou Adão no Velho Testamento. Não, mas sim. Pode se tornar instrumento para aumentar o poder de quem já o tem. Mas que quer proferir sentença com um acordo na mão. Garantia de legalidade. Algo regulado, definido, sancionado. Pronto para ser usado por quem puder usá-lo. Afinal, acordos desse tipo também necessitam de interpretações. Precisam ser julgados. E o deus que paira sobre o universo dos dias de hoje é quem deseja o acordo. Quem quer determinar os mandamentos. Quem quer julgar seu cumprimento. Fazer ou não acordo nos dias de hoje não é só fruto de desejo. Nem garantia de harmonia. Dizer sim ou não tem custos. Mas não tem jeito. É preciso saber que música se quer tocar. E assumir o papel na orquestra antes que outro o faça por nós.