Teoria de Bolsonaro, fraude em urnas eletrônicas lidera ranking de fake news, diz TSE

Pesquisa analisou conteúdos no YouTube e no Facebook relacionados às eleições entre 2014 e 2020 que tiveram quase 40 milhões de visualizações e compartilhamentos

Urna eletrônica brasileira (Foto Roberto Jayme/Ascom/TSE)Créditos: Divulgação/TSE
Escrito en POLÍTICA el

Uma pesquisa inédita divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta sexta-feira (13) mostra que as urnas eletrônicas são o maior alvo de notícias falsas sobre eleições no Brasil entre conteúdos que circulam no YouTube e no Facebook.

Desde ao menos 2018, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem questionado a votação por meio do equipamento. Ele lança teorias com dúvidas sobre a lisura do sistema, sem comprovação ou apresentação de evidências, no que é acompanhado por seus filhos e apoiadores em redes sociais. Nesta semana, ele voltou a falar do tema, defendendo que a votação volte a ocorrer em cédulas de papel.

O levantamento foi feito em parceria com a Fundação Getulio Vargas. Os pesquisadores analisaram 3 mil conteúdos que circularam em Facebook e YouTube entre 2014 e 2020, insinuando que haveria fraude nas urnas eletrônicas e manipulação nas eleições brasileiras.

Em quase sete anos de análise, 337.204 publicações questionavam as eleições. Entre elas, 335.169 foram publicadas no Facebook e somaram pouco mais de 16 milhões de interações on-line. Outros 2.035 posts publicados no YouTube tiveram quase 24 milhões de visualizações.

A pesquisa revela ainda que a disseminação de informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro tem sido uma prática constante desde 2014. Os dados revelam que há aumento expressivo nos anos em que ocorrem os pleitos. No entanto, mesmo nos períodos em que não haverá votação, os conteúdos continuam circulando.

Convite pelo WhatsApp

Outro fenômeno observado pela equipe da FGV que conduziu o estudo foi o aumento do número de convites compartilhados via WhatsApp para grupos e páginas do Facebook próximo às eleições de 2018 e de 2020.

Houve pouco mais de 11 milhões de mensagens enviadas em 868 grupos públicos. Entre elas, 97,2% foram transmitidas por números de telefones nacionais. Com isso, foi contabilizado um engajamento de 9.263 pessoas no período de janeiro de 2019 a outubro de 2020.

No entanto, não houve análise das mensagens disparadas e se elas configuravam crime eleitoral.

Na nota em que divulgou os resultados da pesquisa, o TSE diz que, com o estudo, fortalecer o enfrentamento à desinformação. E ainda que pretende ressaltar a necessidade de uma política específica sobre as eleições nas plataformas digitais.