TV Fórum: Para Marcio Pochmann, modelo de cidade do Brasil se esgotou

Candidato à prefeitura de Campinas propõe modelo de gestão aberta para uma cidade descentralizada

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Candidato à prefeitura de Campinas propõe modelo de gestão aberta para uma cidade descentralizada Por Igor Carvalho
Pochmann defendeu modelo descentralizado e mais participação popular (Foto: Igor Carvalho)

Nesta segunda-feira (16), a TV Fórum recebeu o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e candidato à prefeitura de Campinas, Marcio  Pochmann. O economista falou sober seu novo livro ("Nova classe média?", da Ed. Boitempo), em que discute as transformações sociais do Brasil  nos últimos anos, apresentou seus planos para a cidade e afirmou: "O modelo de cidade que temos no Brasil se esgotou".

Participaram do debate o editor da Fórum, Renato Rovai, Rodrigo Vianna, jornalista e editor do blog Escrivinhador, Sérgio Amadeu, professor da Universidade Federal do ABC, Maria Inês Nassif, jornalista de política e economia, e Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.

Pochmann abriu o debate fazendo um resumo político e econômico do Brasil. Para ele, o "Brasil passou a ser sexta economia do mundo, porque a primeira década deste século foi exitosa política e economicamente.” A evolução veio, na opinião do economista, por conta do governo Lula. "Com a eleição de 2002, o presidente Lula conseguiu construir uma maioria que abandonou a política neoliberal”, explicou.

Esse crescimento gerou modificações na estrutura social brasileira que ainda não foi plenamente analisada, avalia o economista. Ele discorda da leitura mais comum até agora , que vê nas mudanças recentes o surgimento de uma "nova classe média". Para ele, o aumento do nível de emprego e da renda da população, ainda que expressivo, não levou a uma mudança de classe social. "O que houve foi uma ampliação da classe trabalhadora. Tanto que 95,5% dos empregos criados na última década foram com renda de até 1 salário mínimo e meio, 70% no setor de serviços”, disse Pochmann.

Campinas

Antes de entrar no âmbito da campanha e discutir questões da cidade de Campinas, o candidato fez uma análise da atuação petista no município. “A autocrítica que fazemos é que o modelo de coligação que o PT participou, com 12 partidos, esse modelo construído em cima do pragmatismo e não em cima de proposta e programa está fadado ao insucesso na cidade.” Para o candidato, essa coligação levou a um loteamento das secretarias mucipais e à perda de identidade programática do governo.

Pochmann afirmou que as cidades brasileiras foram pensadas num modelo industrial, no qual o centro concentra a maioria dos serviços e os bairros são "dormitórios". "O modelo de cidade que temos no Brasil se esgotou. Campinas é hoje uma cidade de serviços, a indústria representa 19% do PIB, no entanto a cidade continua sendo administrada no modelo industrial”, explicou. O candidato propôs um modelo de cidade descentralizado, com "vários centros", levando serviços e empregos a todas as regiões.

O ex-presidente do Ipea se mostrou preocupado com a pobreza na cidade, que “em 2010 tem mais pobres, do que tinha em 2000”. “Campinas pode ser muito maior por conta de sua geopolítica, mas a administração pública se apequenou”, disse o economista que se comprometeu com a exposição dos dados de sua gestão. “Temos uma candidatura ficha limpa, sem rabo preso e vamos fazer um governo democrático e todas as informações estarão na internet. Todas as informações que são do conhecimento do prefeito, serão da população, isso é, também um antídoto à corrupção.” O candidato ressaltou que "um dos eixos do plano de governo é a radicalidade democrática”, destacando a importância da internet para ampliar as condições de ter uma gestão participativa na cidade.

Ao encerrar sua participação, o candidato petista salientou o desejo de dar continuidade ao projeto nacional do partido que “teve o presidente Lula como grande timoneiro”. “O Brasil que temos hoje foi construído pela política, que está permitindo o país ser hoje uma referência mundial.” A transmissão, apesar de problemas com as conexões, foi encerrada com mais de 900 visualizações.

Assista abaixo a íntegra da entrevista com Marcio Pochmann na TV Fórum
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