Um Passo adiante em Nairóbi

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A preparação do FSM de Nairóbi continua envolvendo muitas entidades, ONGs e movimentos sociais, apontando para a superação de seu maior desafio que é o de dar corpo às suas propostas de viabilização do sonho de um outro mundo possível.

Por Por Moacir Gadotti   A preparação do FSM de Nairóbi continua envolvendo muitas entidades, ONGs e movimentos sociais, apontando para a superação de seu maior desafio que é o de dar corpo às suas propostas de viabilização do sonho de um outro mundo possível. Essa preparação é de crucial importância e exige um “diálogo aberto, franco e construtivo”, como sustenta Francisco Whitaker, um dos idealizadores do Fórum, um diálogo de todos e de todas, fundado no exercício prático de uma nova cultura política de escuta e de entendimento. Tiramos muitos documentos, plataformas e declarações de princípios. Precisamos continuar construindo mecanismos práticos de consubstanciação dos princípios e das propostas. A emergência do FSM como um ator político novo, um novo sujeito popular histórico, portador dessa nova consciência coletiva, demanda visão estratégica e escala. De alguma forma isso já vem sendo construído. Trata-se, agora, muito mais, de dar organicidade às propostas, trata-se de mostrar como podemos, desde o local onde cada um de nós está vivendo, contribuir, como pessoas, organizações de movimentos, concretamente, na construção deste outro mundo possível. Como vimos em Bamako e Caracas, o apelo por transformar o FSM num sujeito histórico popular, plural e multipolar, foi muito forte. Espera-se que Nairóbi responda a este apelo. Depois de Bamako e de Caracas os Fóruns estão tendo uma preocupação maior com ações concretas. A convocatória para o Fórum Social Mundial 2007 de Nairóbi pede sugestões não só de temas, mas a indicação de ações, campanhas e lutas: “a proposta é a de que organizemos o VII Fórum em torno dessas ações, campanhas e lutas, aglutinando, nos diferentes espaços do Fórum, as atividades vinculadas a essas ações, campanhas e lutas”. O “Apelo de Bamako” faz menção a um novo sujeito popular histórico. No capítulo de Bamako do FSM 2006 foram retomados alguns princípios do “Manifesto” lançado em Porto Alegre, em 2005. Foram apresentadas algumas “propostas para a ação imediata”. Bamako deu um passo adiante na construção do FSM como um sujeito político, para “passar da consciência coletiva à construção de atores coletivos, populares, plurais e multipolares” no sentido de “identificar temas precisos para formular estratégias”. A resposta de Nairóbi deverá conter não só propostas de longo prazo, mas, também, propostas de ação imediata, centradas nos temas já apontados na nossa Carta de Princípios e na experiência das seis edições anteriores do Fórum. Essa preocupação práxica não se opõe à visão teórica e utópica do FSM. As propostas do FSM visam a dar corpo concreto ao sonho, à utopia que nos une. A utopia deverá ser sempre reafirmada nas práticas concretas. A nossa utopia não morreu, porque há muita vida em nossos Fóruns e onde há vida haverá sempre o sonho e a utopia. Abdicar dela é abdicar da própria vida. Formas concretas da utopia, como o socialismo autoritário, podem morrer sem levar consigo a fé e a esperança num futuro justo, produtivo e sustentável para todos e todas. No sentido etimológico, utopia significa “aquilo que não existe em nenhum lugar”. A utopia significa exatamente isso: o que “ainda não” existe em nenhum lugar, mas pode existir. Esse sentido aponta para um projeto de futuro. Para nós a utopia é esse “outro mundo possível” que é o nosso lema. Para nós o outro mundo possível não é uma utopia distante. Ela se concretiza em cada ação, desde já; caminha para esse horizonte histórico mais justo, menos feio e radicalmente democrático. Participe da construção dessa utopia. Entre no site do FSM. Faça parte dessa história do possível, do necessário e do urgente. Veja como poderá fazer. No próximo número discutiremos a realização do V Fórum Mundial de Educação no contexto do VII FSM em Nairóbi. F