Acordo americano de pacificação do Afeganistão é criticado pelo governo e pelo Taleban

Esta semana, mais um carro bomba explodiu no norte do país deixando 11 mortos e mais de 60 feridos. Conflito já dura 20 anos, por Ana Prestes

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- Apesar de toda cena feita em fevereiro em torno de um acordo entre EUA, governo afegão e o grupo Taleban de pacificação do Afeganistão, o que se vê é um país cada vez mais colapsado pela guerra. Esta semana, mais um carro bomba explodiu no norte do país deixando 11 mortos e mais de 60 feridos. O grupo Taleban assumiu a autoria do atentado. As pessoas mortas faziam a segurança de um edifício da inteligência afegã que foi invadido após a explosão. O acordo montado pelos EUA é criticado tanto pelo governo afegão, como pelo Taleban. O governo afegão alega que o acordo só protege os alvos americanos, enquanto os afegãos estão descobertos e o Taleban acusa o governo afegão de não cumprir parte do acordo e libertar 5000 prisioneiros (condição colocada para seguir nas negociações de paz). O Taleban também libertaria presos que estão em seu poder. O governo afegão alega que já libertou quatro mil presos. Já são quase 20 anos de guerra. Já é o mais longo conflito militar com envolvimento dos EUA. Os americanos acusam Rússia e Irã de colaborar com o Taleban, diante do governo afegão totalmente sob controle dos EUA. A situação remonta a outro período histórico, na época da guerra fria quando da insurgência de forças afegãs contra a União Soviética e o apoio americano a elas.

- Sob forte pressão internacional, reúne-se hoje (15) no Brasil o Conselho Nacional da Amazônia Legal, dirigida pelo vice-presidente Hamilton Mourão. Entre os temas a serem tratados estão o combate ao desmatamento, o Fundo Amazônia, a fiscalização ambiental e a regularização fundiária. Segundo o INPE, junho teve o maior número de alertas de desmatamento para o mês desde 2015. Logo após esse anúncio, foi exonerada a coordenadora-geral de Observação da Terra do instituto, Lubia Vinhas. O monitoramento é feito pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real). O ministro de C&T se apressou em explicar que Lubia vai coordenar uma área importante do INPE, sem dizer qual. O governo tem sido pressionado por investidores externos, governos, diplomatas e parlamentares de outros países e ontem (14) uma carta de 17 ex-ministros da Fazenda e ex-presidentes do Banco Central reforçou o coro. Desde que Bolsonaro assumiu, o Brasil vem se afastando do cumprimento do Acordo de Paris assinado em 2015 por 195 países e que prevê manter o aquecimento global abaixo de 2?C e buscar limitá-lo a 1,5?C.

- Ontem foi o primeiro 14 de julho, aniversário da Queda da Bastilha, desde 1980, em que não houve desfile militar na avenida Champs Élysées em Paris. O ato na Place de la Concorde ocorreu apenas com homenagens a equipes médicas e familiares de profissionais de saúde que morreram por Covid-19. Todos guardando o devido distanciamento social. A comemoração terminou com queima de fogos na Torre Eiffel.

- Ontem (14) uma grande marcha ocorreu na Bolívia. Coordenada pela Central Obrera Boliviana (COB) a manifestação em La Paz pediu fim aos desempregos injustificados e a falta de proteção aos trabalhadores contra a pandemia do novo coronavírus. Em Sucre, a maior parte dos manifestantes foi de trabalhadores da educação, pedindo estabilidade laboral e revogação do Decreto 4260 que busca privatizar o ensino. Ontem também foram registrados  protestos na Colômbia, em Cali, contra o governo de Iván Duque e no Chile, em Santiago, um panelaço contra o governo de Piñera.

- Uma visita insólita ocorreu nos últimos dias no Paraguai. O ex-presidente argentino Maurício Macri fez uma visita ao ex-presidente do Paraguai Horácio Cartes. Segundo a imprensa do cone sul noticia, Macri teria proposto a Cartes a criação de um Grupo de Puebla conservador para conter Alberto Fernández. Há notas também de que Jair Bolsonaro foi rechaçado na conversa como um líder capaz de ser a voz da direita democrática na região, cabendo mais a Marito Abdo, Iván Duque e Lacalle Pou. Houve muita reação à visita no Paraguai também pelo descumprimento por parte de Macri dos protocolos de prevenção fixados durante a pandemia do novo coronavírus no país. Cartes é dono de uma das maiores fortunas do Paraguai, em torno de 200 milhões de dólares e um império de 24 empresas, que vão desde fábricas de suco a bancos e veículos de comunicação.

- Graças à cooperação com o Irã, a Venezuela voltou a produzir gasolina. A refinaria Cardón está produzindo cerca de 30 mil barris/dia. As sanções econômicas impostas pelos EUA afetaram sobremaneira o setor petroleiro no país, com bloqueio do investimento estrangeiro na infraestrutura e a detenção das exportações do óleo cru. Entre maio e junho, o Irã enviou cinco embarcações com 1,5 milhão de barris de gasolina, além de peças e maquinário para as refinarias e insumos químicos necessários para a produção.

- Foi executado no Irã um ex-funcionário do Ministério da Defesa que vendeu informações para a norte-americana CIA. Segundo anúncio do governo iraniano, as informações davam conta especialmente do programa de mísseis do país. Outro espião interno que também deverá receber pena de morte é acusado de espionar para os EUA e Israel no país. Desde o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani em janeiro deste ano, se agravou o estado de tensão entre EUA e Irã.