Sérgio Moro estampa capa da Veja à lá Collor e Aécio

Em entrevista patética - sem trocadilhos -, Veja pinça frase para dizer que "eleger Lula ou Bolsonaro é suicídio" e Moro fala em "precauções contra atentados". Criada para dar apoio à Ditadura, Veja segue sua saga de manipulação e mentira.

Sergio Moro estampa capa da Veja entre as emblemáticas "Caçador de Marajás" e "O Poder de Aécio" (Montagem/Reprodução Editoral Abril)
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Criada em 1968 para dar guarida à Ditadura Militar e combater o "comunismo" pela editora da família Civita, que foi financiada pela estadunidense Time Life durante a Guerra Fria, a revista Veja estreou nas eleições 2022 com a velha tática de estampar seu candidato na capa com uma frase de efeito na reportagem.

Após "O Caçador de Marajás", com Fernando Collor, em 1989, e "O Poder de Aécio", com Aécio Neves em 2014, chegou a vez de Sergio Moro (Podemos) sair "da defesa para o ataque" na estratégia da revista em emplacar seu preferido para a terceira via.

Em entrevista patética - sem trocadilhos -, Veja pinça frase do ex-juiz e ex super ministro da Justiça para dizer que "eleger Lula ou Bolsonaro é suicídio".

A publicação da família Civita ainda avisa que aquele que um dia foi um misteriosos e todo poderoso juiz da Lava Jato agora está "num tom mais agressivo que o habitual".

De forma melodramática, a revista diz que se fosse perguntado há dois meses sobre Lula, Moro diria que “eu prefiro não falar sobre pessoas”.

"Confrontado com a mesma pergunta, o juiz foi rápido: 'É um acinte, um tapa na cara dos brasileiros, um desastre, um sinal verde para a volta da roubalheira'”, escreve Laryssa Borges, repórter escalada para a empreitada.

Em um jogo de perguntas combinado, a Veja levanta a bola, no jargão jornalístico, para o "entrevistado cortar" - uma espécie de 'media training', o treinamento para entrevistas, com aduladores.

Entregar o poder ao Lula

Indagado sobre "quem é o seu principal adversário nesta fase da campanha", Moro aponta o ex-chefe, Jair Bolsonaro (PL), e sinaliza que Lula já está no segundo turno.

"O adversário principal no primeiro turno é o Bolsonaro. Quero dar às pessoas a alternativa de que não é preciso tratar quem pensa diferente como inimigo. As pessoas sabem que esse governo não tem compromisso com o combate à corrupção e que não funcionou na economia. Elas precisam de uma outra alternativa, inclusive para enfrentar o outro extremo, que é o Lula. Se insistirem na polarização vamos acabar entregando o poder ao Lula", diz, voltando em seguida à ladainha de que "o governo do PT foi baseado em modelos de corrupção".

Na entrevista, Moro diz ainda que tem "casca grossa", mas revela que pode reeditar a estratégia da "facada no mito".

"Tenho casca grossa. Mas há também o risco de violência física. Estou tomando precauções contra atentados".

Na sequência, Moro demonstra mais uma vez o medo de Ciro Gomes (PDT) ao dizer que "é preciso dialogar com as pessoas para ver que tipo de aliança podemos construir", menos com o pedetista, de quem foge de um debate sobre economia. "Não há possibilidade de diálogo com o Ciro Gomes".

Veja sendo Veja

Na edição que chega às bancas e aos assinantes que ainda não abandonaram a revista nesta sexta-feira (14), a Veja ainda comete a gafe de fazer uma reportagem que fala do "plano do PT para apagar da história a ex-presidente Dilma Rousseff", um dia depois da ex-presidenta se reunir com Lula para traçar estratégias eleitorais.

Com linguajar chulo, bem diferente do que é usado na entrevista de Moro, a revista escala Rafael Moraes Moura para dizer que a "ex-presidente Dilma Rousseff é candidata a puxar a fila dos expurgos. O plano do partido é ignorar o mandato dela, tratá-la como um experimento de continuidade que deu errado", sem tocar, no entanto, no movimento golpista que ajudou a levar a cabo.

Desde 1968, quando foi financiada pelos EUA para dar suporte à experimentação neoliberal nos países da América Latina, Veja propagandeia, distorce e mente. Tudo em nome do mesmo projeto que fez com que o governo protofascista de Bolsonaro chegasse ao poder. Veja segue sendo Veja.

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