Bolsonaro encontra travesti bolsonarista para dizer que não é transfóbico

O presidente, no entanto, possui um histórico de ofensas à população LGBTQIA+, assim como outros grupos minoritários

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O presidente Jair Bolsonaro recebeu a cabeleireira Addila Costa para um almoço no Palácio da Alvorada nesta segunda-feira (7), após o desfile do 7 de Setembro. Bolsonarista e travesti, Addila viajou do Ceará à Brasília apenas para participar do evento e foi autorizada por Agustin Fernandez, maquiador e amigo da primeira-dama Michelle Bolsonaro, a conhecer o ex-capitão.

Ela conta que Bolsonaro lhe deu um abraço e disse nunca ter sido homofóbico. O presidente, no entanto, acumula um histórico de ofensas à população LGBTQIA+. "A grande mídia rotulou, disse que é preconceituoso, homofóbico, eu sempre soube que não. Não votei nele, mas meu coração sempre dizia que tinha uma coisa errada. Depois fui estudar e descobri que tudo é jogo de marketing", disse Addila.

"Descobri que ele era o único cara que defendia o único cara gay do sistema, brigando para que respeitassem o Clodovil [Hernandes, deputado federal]", continuou a cabeleireira. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

No Alvorada, Addila também foi apresentada a Letícia, filha da primeira-dama. Disse ter sido tratada como "ser humano, não como uma classe". O cardápio do almoço foi arroz, feijão, bife, alface e tomate, acompanhados de um suco de laranja.

Bolsonaro tem tentado cultivar uma imagem mais pacífica para expandir sua popularidade até as eleições de 2022, especialmente com grupos que já foram alvo de suas declarações violentas e ofensivas em um passado recente. Em discursos no Nordeste, onde tem inaugurado obras, exaltou os moradores da região, que já foram chamados de "paraíbas" por ele.

Transfobia

A violência contra pessoas trans explodiu durante a pandemia do coronavírus. Houve um aumento de 70% dos casos de violência contra mulheres trans e travestis em comparação com o ano passado: foram 129 assassinatos até o dia 31 de agosto deste ano. Os dados são da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA).

No Ceará, estado onde Addila nasceu, ocorreu uma onda de crimes contra pessoas trans este ano. Entre 12 de julho e 10 de agosto, quatro mulheres trans e travestis foram assassinadas em Fortaleza, de acordo com Rede de Observatórios da Segurança do Ceará. No dia 8 de agosto, uma travesti de 15 anos foi morta a tiros na Grande Lisboa.