Para tentar evitar golpe, ex-ministro militar de Bolsonaro assume direção-geral do TSE

General da reserva, Fernando Azevedo e Silva, que foi demitido em março, assume a direção-geral do TSE em 2022 para se antecipar a uma tentativa de golpe de Bolsonaro, que derrete nas pesquisas

Bolsonaro, Dias Toffoli e Fernando Azevedo (Foto: Alexandre Manfrim/ Ministério da Defesa)
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Diante do derretimento nas pesquisas, que apontam vitória de Lula (PT) já no primeiro turno, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tentam se antecipar a uma tentativa de golpe de Jair Bolsonaro (PL) colocando como diretor-geral da corte o general do Exército Fernando Azevedo e Silva, que foi ministro da Defesa do atual governo até o mês de março.

Azevedo e Silva assume a direção-geral do TSE em fevereiro, quando o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF) assume a presidência da corte eleitoral no lugar de Luís Roberto Barroso, um dos principais alvos de Bolsonaro.

A iniciativa dos próprios ministros da corte busca antecipar qualquer movimento de Bolsonaro de retormar o discurso golpista sobre fraude eleitoral - a exemplo do que fez seu ídolo, Donald Trump, nos EUA.

Entre as atribuições, o general será o responsável por dar as diretrizes da área de tecnologia, responsável pelas urnas eletrônicas e softwares utilizados nas eleições, que está no centro das teorias conspiratórias propagadas por bolsonaristas.

Demissão do governo

Axevedo e Silva foi demitido do Ministério da Defesa em março deste ano em uma das mudanças feitas por Bolsonaro após pressão do Centrão.

A demissão do general, no entanto, estaria mais ligada à própria insatisfação do presidente.

Azevedo e Silva já havia atuado como assessor especial do Supremo, a convite do ex-presidente da corte Dias Toffoli, e Bolsonaro desconfiava de que o então ministro mantinha contato com os ministros sem que ele soubesse.

O general atuava ainda como uma espécie de bombeiro dos arroubos autoritários de Bolsonaro. Quando o presidente ameaçava o judiciário com um golpe militar, cabia ao então ministro acalmar os ânimos de ministros do STF e a interlocução com o alto comando das Forças Armadas.

Azevedo e Silva sempre buscou manter a cúpula militar distante do governo, o que desagradava Bolsonaro. Esse teria sido o estopim para sua demissão e a nomeação de Walter Braga Netto, que segue à frente da Defesa com um viés mais político.