Mundo paralelo: “Brasil é um dos que menos sofreram na economia”, diz Bolsonaro

Completamente apartado da realidade, presidente afirmou que país é um dos cinco menos afetados no mundo pela crise e que bom trabalho é resultado de seu governo. Situação é quase de colapso e declarações absurdas viraram rotina

Foto: TV Afiada (Reprodução)
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O presidente Jair Bolsonaro deu mais uma declaração inacreditável e apartada da realidade neste sábado (28). Segundo ele, “o Brasil é um dos cinco países que menos sofreram no tocante da economia, graças ao trabalho do nosso governo”, ignorando completamente o fato de o país estar enfrentando um caos social de dimensões trágicas, naquela que é a mais grave crise econômica da História.

A fala desconectada do mundo real foi dada durante a abertura de um evento evangélico, segmento social que, junto com os militares, sustenta boa parte do que resta de apoio ao atual presidente da República. No discurso inaugural do 1º Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos, em Goiânia (GO), Bolsonaro ainda atacou governadores, como de costume, e voltou a repetir os já conhecidos argumentos infundados de que a culpa por todo desastre econômico de sua gestão é fruto do que ele chama de “fique em casa, a economia a gente vê depois”, uma alusão infantil às lideranças políticas que não embarcaram em sua jornada genocida durante os momentos mais críticos da pandemia da Covid-19, que já deixou quase 580 mil mortos no Brasil.

"Sabemos do sofrimento que o povo está passando, porque como consequência daquela política do 'fique em casa', 'a economia a gente vê depois', chegou a conta para pagar", disparou o chefe do Executivo federal, sempre em tom beligerante e provocador.

Com 15 milhões de desempregados nos dados do IBGE, além de outros 15 milhões que já nem procuram mais por uma vaga e acabam ficando fora dos números oficiais, o Brasil atravessa um momento dramático na economia. Com o dólar próximo de R$ 6, inflação galopante e já em dois dígitos no período anual (o IPCA-15 foi de 9,30% em 12 meses até agosto, na média nacional, maior taxa desde maio de 2016), gás de cozinha a R$ 125, feijão e arroz com 60% de aumento em 2021, gasolina a R$ 7 em vários estados, carestia, miséria em franca expansão e 59% dos brasileiros vivendo em situação de insegurança, soa como totalmente surreal a fala do presidente.