LULA PRESIDENTE

Bolsonaro completa 24 horas em silêncio e com as luzes do Alvorada apagadas

Governador eleito de São Paulo disse à imprensa que presidente recebeu derrota com tristeza mas aceitará resultado

Créditos: Fábio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
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Após mais de 24 horas transcorridas do anúncio do resultado final das eleições presidenciais, próximo das 20 horas do último domingo (30), o presidente Jair Bolsonaro (PL) mantém silêncio em um Palácio da Alvorada com as luzes apagadas e ainda não reconheceu a derrota. A expectativa por parte dos seus aliados era de que ele se pronunciasse na manhã desta segunda-feira (31).

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O presidente se reuniu com ministros e aliados ao longo do dia e foi aconselhado a reconhecer a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As luzes do Alvorada foram apagadas às 19 horas desta segunda. Seu ex-vice-presidente, o general Hamilton Mourão (Republicanos), agora senador eleito pelo Rio Grande do Sul, e o filho mais velho e senador, Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foram os primeiros do círculo mais próximo do presidente a se pronunciar.

De acordo com O Globo estariam na reunião os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), Fabio Faria (Comunicação), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), Augusto Heleno (GSI), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), Carlos França (Relações exteriores) e Bruno Bianco (AGU). Além deles, o governador eleito de São Paulo, Tarcísio Freitas (Republicanos), afirmou ao G1 que conversou com o presidente, que recebeu a derrota com tristeza mas disse que aceitaria o resultado.

O silêncio do presidente é sem precedentes. Em 2002 o candidato derrotado por Lula foi José Serra (PSDB). Ele reconheceu o resultado às 21h10 do mesmo dia em que saíram os resultados. Em 2006 foi a vez do atual vice de Lula, Geraldo Alckmin (então no PSDB), parabenizar o presidente eleito às 20h22. Em 2010, José Serra voltou a parabenizar um presidente petista, Dilma Rousseff, às 22h40, assim como Aécio Neves (PSDB) a cumprimentou às 21h36 após as acirradíssimas eleições de 2014. Derrotado por Bolsonaro em 2018, Fernando Haddad (PT) reconheceu a vitória do atual presidente às 20h19.

Na disputa mais acirrada da história da Nova República, o presidente eleito foi Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que obteve 50,9% dos votos válidos e parte um inédito terceiro mandato. Com 49,1%, Bolsonaro é o primeiro presidente a não se reeleger desde que a reeleição é possível. O primeiro presidente reeleito foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB), nas eleições de 1998.

Com a derrota, Bolsonaro perde o foro privilegiado a partir de primeiro de janeiro e uma série de acusações de corrupção, violação de direitos humanos, má gestão e prevaricação poderão ser investigadas sem que passem por seu aliado, o Procurador-Geral da República Augusto Aras, ou mesmo pela Câmara dos Deputados, onde o atual presidente Arthur Lira (PP-AL) ficou conhecido ao longo dos últimos por blindar o presidente.