“Kassab pode escolher a frente civilizatória”, diz Berzoini sobre possível apoio a Lula

O ex-ministro revelou, também, que segmentos de algumas igrejas evangélicas já estão tentando se descolar de Bolsonaro para se aproximar de Lula

Ricardo Berzoini (Foto: Reprodução/YouTube Fórum)
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O ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social, Ricardo Berzoini (PT), afirmou que o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, pode optar por apoiar a candidatura de Lula (PT), já no primeiro turno das eleições presidenciais de outubro, baseado na opção por "uma frente civilizatória”.

“Conheço bem o Alckmin (Geraldo) e o Kassab, negociei muito com eles. Os dois são políticos profissionais e experientes. Hoje, existem o campo bolsonarista e o campo lulista, que estão espremendo a terceira via”, avaliou Berzoini, em entrevista ao Fórum Onze e Meia, nesta quinta-feira (10).

“O Kassab não segura a bancada dele e a opção pode ser pela frente civilizatória, até mesmo para conseguir uma imagem boa”, disse, se referindo ao possível apoio a Lula, que, de acordo com o ex-ministro, “precisa de palanques para reforçar as relações”.

Questionado se o acordo costurado no Rio de Janeiro entre o ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), pré-candidato ao governo do estado, e o atual prefeito Eduardo Paes (PSD) pode interferir no panorama nacional, Berzoini destacou que o estado tem suas especificidades.

“O Rio tem a disputa local. O Paes não quer fortalecer o Freixo (Marcelo, também pré-candidato do governo, mas pelo PSB). Então, há interesses locais que podem atrapalhar as articulações em nível nacional. Por isso, será importante o papel da Gleisi (Hoffmann, presidenta nacional do PT) nesse processo”, relatou o ex-ministro.

“A visão do Lula transcende o rótulo de esquerda”, diz Berzoini

Indagado, também, se considera o presidente um político de esquerda, Berzoini afirmou: “A visão do Lula de economia, trabalho, previdência, direitos humanos, meio ambiente transcende o rótulo de esquerda”.

Porém, o ex-ministro fez questão de ressaltar que tanto Lula quanto o PT são, de fato, de esquerda. “Os governos são de centro-esquerda, pois as condições do parlamento impõem nuances de esquerda, mas sempre dialogando com outros segmentos, outras forças, para construir maioria”, destacou.

Berzoini ressaltou que Lula construiu uma liderança ao longo de 50 anos de atividades. “Em seus primeiros anos, o PT tinha 2% a 3% dos votos no Nordeste. Aos poucos, foi expandindo capilaridade. Sem o Lula, o PT não estaria no centro do palco, como está hoje. O PT, inclusive tem o desafio de crescer além do Lula”, apontou.

Segmentos evangélicos tentam se aproximar de Lula

Berzoini revelou que algumas lideranças de igrejas evangélicas já estão tentando se descolar do atual presidente, pensando em um apoio à candidatura petista em outubro.

“Há um movimento recente dentro da Igreja Universal do Reino de Deus e da Assembleia de Deus para se desconectar do Bolsonaro (PL) e conversar com o Lula. Não sei se o Lula vai querer conversar com eles. Mas é preciso ter cuidado para não ficarmos reféns de oportunistas”, afirmou Berzoini, que faz aniversário nesta quarta (10), no mesmo dia em que o PT comemora 42 anos de existência.

Assista à íntegra da entrevista:

https://www.youtube.com/watch?v=OM1uRx3KYOo