Sóstenes Cavalcante assume comando da bancada evangélica após racha promovido por Silas Malafaia

Além da briga entre Malafaia e Samuel Ferreira, da Assembleia de Deus no Brás Ministério de Madureira, Cavalcante terá que conter o motim do Republicanos, sigla ligada a Edir Macedo, que quer se descolar de Bolsonaro.

Sóstenes Cavalcante (acima), com Silas Malafaia, Magno Malta e Jair Bolsonaro (Reprodução)Créditos: Reprodução/Twitter
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Logo pela manhã, pelas redes sociais, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) anunciou com a "imensa alegria" que assumiu a presidência da Frente Parlamentar Evangélica. Nos bastidores, no entanto, o bolsonarista terá a difícil missão de juntar os cacos da bancada, implodida após interferência direta de Silas Malafaia, seu padrinho para nomeação do cargo.

Cavalcante chegou ao posto após debate público entre Malafaia e parlamentares e bispos ligados ao ex-presidente, Cezinha de Madureira (PSC-SP), que expôs a guerra em torno do comando da principal base de apoio de Jair Bolsonaro (PL) no Congresso.

O clima tenso refletiu na cerimônia de transmissão dos cargos e nomeação da diretoria, que foi adiada e não tem data definida - embora Cavalcante já tenha se ungido com o manto da presidência da bancada.

A principal batalha está sendo travada entre Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Samuel Ferreira, que comanda a Assembleia de Deus no Brás – Ministério de Madureira.

A briga começou quando Ferreira anunciou que faria campanha para manter o deputado Cezinha De Madureira (PSC-SP), vice-líder do governo no Congresso, no comando da bancada durante culto pela posse de André Mendonça no Supremo Tribunal Federal (STF).

A declaração irritou Malafaia, que trabalhava em cima do acordo já costurado para o nome de Cavalcante.

Em seguida, farpas públicas foram trocadas apoiadores de Cezinha e Malafaia, que chamou Samuel Ferreira de "arrogante asqueroso" em áudio distribuído em grupos da bancada.

Partido de Edir Macedo quer desembarcar do governo

Soma-se à guerra incitada por Malafaia a insatisfação do partido Republicanos, ala política da Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, que vem sendo cortejado por Sergio Moro (Podemos).

Deputados do partido reclamam de problemas que o apoio a Bolsonaro tem gerado nos seus nichos eleitores, especialmente no Nordeste, onde o presidente enfrenta enorme rejeição.

Um grupo de parlamentares já teria conversado com a cúpula da sigla para se descolar do governo, temendo uma debandada de filiados na janela partidária, que se fecha em abril.

A insatisfação maior, no entanto, seria em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, onde os políticos ligados a Edir Macedo acreditam que o fracasso da candidatura bolsonarista, do ministro Tarcísio Gomes de Freitas - que ainda não se filiou a partido -, pode derrubar a votação e reduzir os representantes da sigla no Parlamento.

Esse seria o principal motivo de Ferreira ter peitado Malafaia e tentado quebrar o acordo para manter Cezinha à frente da bancada.