Em entrevista ao Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (6) o ex-deputado federal Jean Wyllys comentou as recentes pesquisas eleitorais que dão vantagem ao ex-presidente Lula, mas alertou que o campo da esquerda deve “colocar as barbas de molho e evitar o clima de já ganhei”, pois, para Wyllys, a extrema direita prepara uma campanha pior do que a realizada em 2018.
"Tudo leva a crer que Lula vai vencer as eleições, mas nós temos que colocar as barbas de molho, porque haverá uma campanha subterrânea que pode nos surpreender como a campanha de 2018 nos surpreendeu. Uma campanha subterrânea que utiliza a internet, as mídias sociais e os aplicativos, principalmente o Telegram e o WhatsApp. A extrema direita está montando uma campanha de desinformação e fake news mais pesada do que foi a campanha de 2018. Então, nós temos que estar preparados para isso sem ficar cantando vitória e sem clima de 'já ganhou'”, alerta Wyllys.
Para Jean Wyllys, além do fato de a extrema direita preparar uma campanha pesada, ele também destaca o fato de que Bolsonaro e a militância que gira em torno de sua figura podem tentar “melar as eleições” e impedir a transição de um governo para outro.
“A extrema direita e o bolsonarismo sabem das consequências de uma vitória de Lula, embora eu não ache que Lula seja revanchista, mas eles [extrema direita] temem uma revanche, pois sabem os crimes que cometeram e eles pretendem melar as eleições: seja lançando suspeitas sobre as urnas eletrônicas, seja em um movimento mesmo de recusa de entregar o governo para tumultuar a transição", disse.
"Putin é um autocrata sanguinário"
Ao analisar o fato de que, com a derrota de Donald Trump, ao contrário do que se esperava, o movimento da extrema direita internacional não arrefeceu, Wyllys traçou paralelo entre os oligarcas estadunidenses ligados ao partido Republicano e àqueles vinculados ao presidente russo Vladimir Putin e destacou que o presidente russo é a figura inspiradora dos grupos extremistas na contemporaneidade.
"Eu sei que o que eu vou dizer não agrada uma parcela da esquerda brasileira que tem uma espécie de nostalgia bolchevique, mas Putin não significa nada, não tem nenhuma relação, nenhum tipo de identificação com o socialismo que muita gente defende e professa no Brasil e, portanto, faz uma análise dessa guerra se colocando ao lado de Putin”, criticou Wyllys.
“Putin é um sanguinário, autocrata que serviu de modelo para todos esses autocratas, para a extrema direita, que forjou um modelo de ataque às democracias por meio da desinformação, que está, digamos assim, por trás da ascensão de Donald Trump nos EUA e de toda essa extrema direita. Então, essa extrema direita está no mundo: Marine Le Pen na França, o VOX na Espanha, o Orbán na Hungria, tem a Polônia, ou seja, é um movimento internacional que a gente imaginava que ia perder força com a derrota de Donald Trump, mas não perdeu força”, disse Jean Wyllys.
Confira abaixo a íntegra da entrevista: