ELEIÇÕES 2022

Lula pode vencer Bolsonaro no primeiro turno, aponta pesquisa Genial/Quaest

Os dois mantiveram a mesma intenção de votos que tiveram no levantamento anterior

Lula.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en POLÍTICA el

Pesquisa Genial/Quaest publicada nesta quarta-feira (11) aponta o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) com a mesma intenção de votos que tiveram no levantamento anterior, no mês passado. Lula subiu um ponto e ficou com 46% enquanto Bolsonaro permaneceu com 31%.

Na soma dos votos válidos, Lula fica com 51% e pode vencer já no primeiro turno.

De acordo com Felipe Nunes, diretor da Quaest, “o favoritismo de Lula continua sendo explicado pela relevância da economia real na vida do cidadão. Para 50%, a economia é o principal problema enfrentado pelo país hoje”.

Ele ressalta que “continua muito alto (59%) o percentual de eleitores com dificuldade de pagar suas contas nos últimos meses”.

Segue abaixo o fio de Nunes com mais detalhes sobre o levantamento:

“Entre os 50% preocupados com a economia, 18% dizem que é a inflação o principal problema do país e 13% o desemprego. Em set/21, apenas 6% diziam espontaneamente que a inflação era o principal problema. Esse protagonismo da inflação é preditor de eleição de mudança.

Não por acaso, 58% dos brasileiros acham que Bolsonaro não merece um segundo mandato como presidente, enquanto 53% acham que Lula merece voltar a ocupar o Executivo federal.

A estabilidade entre abril e maio/22 nas intenções de voto de Lula é explicada por dois movimentos, um favorável e outro desfavorável...

Por um lado, Lula ganhou mais apoio entre as mulheres. Passou para 50% o percentual de mulheres que votam em Lula (+3 pts), enquanto apenas 24% votam em Bolsonaro. O crescimento do presidente entre os homens é impressionante, vale notar.

Por outro lado, Lula perdeu 4 pontos entre os evangélicos e viu Bolsonaro crescer 9 pts. Ou seja, os 3 pontos a mais dentro do eleitorado feminino (1.6 pontos no total), foram anulados pelos 4 pontos a menos dentro dos evangélicos (1.2 pontos no total).

Após tantas polêmicas, Lula tem que comemorar esse null effect no momento, e se preocupar com o efeito negativo que ainda está por vir. Ao contrário do que muitos disseram, 53% dos eleitores não sabem ainda das falas polêmicas de Lula sobre o aborto.

No público evangélico, 47% ainda não sabem do assunto. Ou seja, com o decorrer da campanha, e o uso da fala pela campanha de Bolsonaro, a rejeição do eleitorado à legalização do aborto deve diminuir o atual favoritismo de Lula.

Quando informados, 50% dos eleitores disseram que uma posição favorável ao aborto afeta negativamente a chance de voto em um candidato e 40% que não altera...

Entre os eleitores evangélicos, 62% dizem que podem mudar o voto em função do aborto.

A estabilidade de Bolsonaro também é explicada por movimentos contrários. A pesquisa detecta uma melhora nas intenções de voto de Bolsonaro entre os homens, adultos e evangélicos, mas também no Centro-Oeste, onde o presidente já aparece 18 pontos à frente de Lula.

A tendência de melhora apresentada nos últimos meses, só foi interrompida por conta dos confrontos do presidente com o STF e o TSE. A maior parte dos eleitores (45%) reprovou o perdão presidencial ao deputado Daniel Silveira, condenado por ameaças aos ministros do STF.

A graça presidencial ao deputado Silveira engajou os setores radicais da campanha (64% aprovaram a medida), mas afastou o eleitor moderado que vinha se aproximando do presidente (54% reprovaram a medida).

Como os eleitores de Bolsonaro e Lula já estão bem definidos, é a faixa dos Nem-Um-Nem-Outro que vai decidir a eleição. Entre esses eleitores, a maioria reprovou a ação do presidente.

O afastamento dos moderados explica por que caiu o número de eleitores que votaram em Bolsonaro em 2018 que defendem a sua reeleição. Eram 63% em abril e são 58% hoje (-5pts).

O levantamento mostrou ainda que a faixa de brasileiros que desconfia das urnas eletrônicas caiu de 29% para 22% desde setembro do ano passado, quando foram organizados protestos pedindo o voto impresso.

A desconfiança só é mais alta entre os eleitores que torcem pela reeleição de Bolsonaro (36% não confia x 23% confia). No eleitor nem-nem, a confiança nas urnas é de 45%. Ou seja, a agenda de conflito institucional diminui as chances de Bolsonaro atrair o eleitor da 3ª via.

Embora tenha parado de crescer pelos erros de estratégia cometidos por ele mesmo, vale destacar que há 2 boas notícias para o presidente na pesquisa. É o terceiro mês seguido de queda na avaliação negativa de seu governo: era 51% em fev/22 e agora é 46%.

A queda na rejeição ao governo já pode ser observada, por exemplo, no Nordeste, no Sul e no Centro-Oeste.

Também é boa notícia para o presidente a queda contínua de sua rejeição. Entre fev/22 e mai/22, a rejeição à Bolsonaro caiu 7 pontos percentuais.

Quem definitivamente não tem o que comemorar são as opções da 3ª via. Em todos os cenários testados, nenhum dos nomes disponíveis ultrapassa os 10 pontos percentuais. Ciro chega no máximo a 10%, Doria chega a 5%, Tebet a 4%, Janones a 3% e Felipe D’Avila a 1%.

Para piorar, enquanto continua alto o percentual de eleitores de Bolsonaro e Lula que se dizem decididos em continuar votando neles (75% e 76%), o percentual de decisão nos eleitores da 3ª via é muito baixo (29%).

A pesquisa Genial/Quaest foi feita entre 5 e 8/05, 2.000 entrevistas presenciais domiciliares em 120 municípios nas 5 regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais com 95% de nível de confiabilidade. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-01603/2022.”