ADOLFO SACHSIDA

Adolfo Sachsida é machista, baderneiro e privatista: um ministro com a marca Bolsonaro

Novo ministro já foi retirado à força do Congresso, critica a licença-maternidade de seis meses, diz que partido nazista é de esquerda entre outras bobagens

Adolfo Sachsida.Créditos: Facebook MBL
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Adolfo Sachsida, o novo ministro das Minas e Energia, parece ter sido feito de encomenda para o governo de Jair Bolsonaro (PL). Ex-membro do Movimento Brasil Livre (MBL) e um dos braços direitos de Paulo Guedes, chegou avisando o impossível: que iria desestatizar a Petrobras nesses poucos meses de governo que restam.

A folha corrida de Sachsida é extensa. Ele já foi retirado à força de uma galeria no Congresso Federal pela Polícia Legislativa em 2014, durante um protesto. Na época, ele era servidor público do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e estava entre cerca de 50 manifestantes que acabaram por interromper a sessão aos urros de "fora PT", "o PT roubou" e "vá para Cuba".

Algumas das frases que andou soltando ao longo da vida são de fazer corar o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, o até então imbecil-mór da República. Em vídeos publicados entre 2016 e 2017 em seu canal no YouTube, Sachsida critica a licença-maternidade de seis meses, defende a flexibilização das leis trabalhistas e sugere que o Partido Nazista alemão, de Adolf Hitler, era de esquerda.

De acordo com o jornalista Kennedy Alencar, ele é "machista e burro. É alguém que não tem condição de ser ministro de Minas e Energia de um país importante como o Brasil".

Comportamento racional

Sachsida chegou a dizer que parte do que é chamado de discriminação no mercado de trabalho, na verdade, seria um “comportamento racional” dos empresários porque mulher engravida e “falta mais para ir ao médico” do que os homens, segundo reportagem da Folha de S.Paulo.

“Não necessariamente é discriminação, é simplesmente o comportamento racional do empresário […] Se o casal tiver um filho provavelmente é a mulher que vai cuidar do filho. Aí você vai dizer para mim: ‘Adolfo, mas o homem fica bêbado mais que a mulher? Fica. Então, menos para o homem neste ponto. Mas também quem vai mais ao médico é a mulher, então, ela vai faltar mais para ir ao médico. O empresário está fazendo essas contas”, diz em um vídeo.

Em outro trecho, ele diz que quando você olha uma mulher e a vê “com um bustiezinho, uma calça colada, você fala assim: ‘pô, essa mulher deve ser solteira'”. “Pode me chamar de machista à vontade”, afirma.

Licença maternidade de seis meses

Além disso, disse também que a licença maternidade de seis meses é um “crime contra a mulher”. “Cara, você consegue imaginar uma empresa ficar seis meses sem o seu gerente? Não tem jeito. Quando eu fui contra essa ideia de dar licença maternidade de seis meses, o pessoal me xingou. Não é nada disso, é que eu me preocupo com as mulheres.”

No vídeo “Aprenda Economia com o Sachsida: Aula 7” publicado em seu canal no YouTube há seis anos, o ministro indica os motivos para a desigualdade salarial entre os gêneros e afirma que os homens topam jornadas de trabalho mais extensas do que as mulheres.

“Você conversa com seus amigos e suas amigas e pergunta: ‘Quem de vocês topa trabalhar 12 horas por dia durante 15 anos para daqui 15 anos ser o chefe ganhando mais?’ Você vai ver que uma proporção maior de homens topa isso. Talvez seja fator cultural, social, não sei”, diz.

“Você vai ver que uma magnitude expressiva de mulheres prefere uma jornada menor. Ou porque precisa ficar com os filhos ou porque ela pretende ficar mais com a família ou porque ela acha que a regra de sustentação é do homem. Eu não sei a explicação, eu sei do resultado”.

Cotas raciais

Como se isso não bastasse, ele ainda fala que é contra cotas raciais e que alemães, italianos e japoneses foram mais “maltratados” no Brasil nos últimos anos do que os negros. “É difícil argumentar que 200 anos depois do final da escravidão exista uma dívida histórica [com os negros]”, afirmou. “Se tem algo que o Brasil pode ensinar para o mundo é a maneira como as raças interagem. Olha a minha cor aqui ó [ele mostra o braço], eu sou branco, eu sou negro. A minha irmã é mais escura do que eu. Ela é branca, ela é negra”, diz.

Em 2014, ele tentou se eleger deputado distrital pelo DEM. Teve 3.372 votos, ficando em 105º lugar.

Com informações do DCM, do UOL, da Folha e da coluna de Lauro Jardim