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Centrão já rifa Bolsonaro e fala “em ser governo com Lula”, diz Estadão

Jornalão paulista reporta que redução do preço dos combustíveis imediatamente é última exigência do grupo. Sem isso, derrota do presidente estaria sacramenta desde já e movimento em direção a petista seria inevitável

Créditos: Agência Brasil
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O diário conservador paulista O Estado de S. Paulo publicou na noite desta sexta-feira uma reportagem na qual afirma que lideranças do centrão, o grupo de partidos fisiológicos que chupinha e ocupa todos setores do governo de Jair Bolsonaro, já estariam prestes a desembarcar de seu apoio ao presidente de extrema-direita, por entender que a eleição já está praticamente perdida. A última exigência dos parlamentares para tentar uma virada, como uma espécie de ultimato ao líder radical, seria a redução de qualquer maneira do preço dos combustíveis, só que Bolsonaro não está colaborando.

Uma das fontes do centrão ouvidas disse ao Estadão que o excesso de otimismo que apontava para uma virada de Bolsonaro em cima de Lula até o meio do ano teria se dissipado, visto que os problemas econômicos de seu governo só se aprofundam. Para o político não identificado, sem o preço dos combustíveis mais baixo não dá para "começar a jogar" porque aí o "liberalismo vira uma coisa cruel e sanguinária".

“Se não resolver o problema dos combustíveis, ele só cai. Bolsonaro está descendo a ladeira, como já desceu com os caminhoneiros e tantos outros setores da economia que não cumpriu o que prometeu”, afirmou Nereu Crispim (PSD-RS), deputado que já foi da base de apoio do governo, e que agora trata de alardear o “filme queimado” do presidente em relação aos demais partidos e parlamentares do centrão, que ainda preferem agir com discrição em relação à insatisfação com a caótica gestão do líder ultrarreacionário.

Para Crispim, a ideia de dar vales e outros subsídios para caminhoneiros, por exemplo, afastou o apoio dessa categoria, que quer o diesel mais barato na bomba e não esmolas para poderem trabalhar.

“Os caminhoneiros ele não tem mais, já era. É um show dele para não se responsabilizar com o que se comprometeu na campanha. Está beneficiando somente os investidores na bolsa e os lobistas que importam combustível, comprometido com os ricos, com os bancos, com essa inflação de dois dígitos”, disparou o dissidente.

Por fim, a matéria do Estadão ainda diz que uma futura proximidade do centrão com Lula seria, na verdade, uma aproximação com Geraldo Alckmin, visto como uma figura de posições liberais, em contrapartida ao que o jornal classifica como um “receituário econômico estatizante e contrário às privatizações". O autor da matéria chega até a cogitar um cenário de eventual impeachment de Lula para pavimentar uma condução de Alckmin ao poder.